Seis detentos morreram e onze ficaram feridos em um novo confronto entre facções criminosas em uma penitenciária no Equador, país afetado pela violência do narcotráfico e cenário de recorrentes massacres em seus presídios, informou no domingo (23) o órgão encarregado da gestão penitenciária, o SNAI.

Como consequência dos confrontos entre grupos criminosos em Guayas 1, “o número de PPL (pessoas privadas de liberdade) mortas chegou a seis”, informou o SNAI em seu mais recente balanço.

De acordo com um jornalista da AFP, foram ouvidos disparos do entorno da unidade prisional, onde ocorreram os piores massacres entre facções.

As penitenciárias equatorianas se tornaram centros de operações de gangues que disputam o narcotráfico. Desde fevereiro de 2021, mais de 420 presos morreram em pelo menos dez enfrentamentos violentos que deixaram corpos decapitados e carbonizados.

Com o novo confronto na penitenciária Guayas 1, na cidade costeira de Guayaquil (sudoeste), uma das mais afetadas pela violência e pelo narcotráfico, as autoridades reforçaram a segurança em todas as prisões do país.

O ministro do Interior, Juan Zapata, escreveu no Twitter que estão em operação “os protocolos para monitorar e executar estratégias de controle, ordem e segurança das pessoas privadas de liberdade”.

Imagens divulgadas pelo Ministério Público mostram uma tela quebrada e um buraco no chão do presídio, além de policiais fortemente armados.

– Greve de fome –

Apesar da intervenção do SNAI, policiais e Forças Armadas, agentes penitenciários continuam retidos em quatro prisões nas províncias de Cotopaxi, Azuay, Cañar e El Oro.

As autoridades não especificaram o número de agentes que estão sob o controle dos presos, mas informaram que “estão em boas condições”.

Os detentos “iniciaram greves de fome no domingo” em estabelecimentos de todo o país, informou o SNAI sem detalhar os motivos.

Um censo recente estabeleceu que nos 36 presídios do Equador, que possuem capacidade para cerca de 30 mil detentos, a população carcerária atual é de 31.321 pessoas, incluindo 3.245 estrangeiros. A maioria está presa por tráfico de drogas.

A superlotação nas prisões equatorianas chegou a 39.000 presos em 2021, mas depois das sangrentas rebeliões o governo concedeu indultos e benefícios para descongestionar as prisões.

No ano passado, um comitê de pacificação criado pelo governo do presidente Guillermo Lasso classificou as prisões equatorianas como “depósitos de seres humanos e centros de tortura”.

O Equador, localizado entre a Colômbia e Peru, os principais produtores mundiais de cocaína, já apreendeu 455 toneladas de drogas desde o início do governo do presidente Guillermo Lasso, em maio de 2021.

Em 2021, foi registrado o recorde anual de apreensões de drogas, cerca de 210 toneladas.

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