Seis pessoas foram detidas pela Polícia Militar após uma manifestação contra o governo de Jair Bolsonaro ter terminado em confronto na avenida Paulista neste domingo, 31. O ato, que aconteceu em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), foi organizado por coletivos ligados a torcidas de futebol e era autointitulado pró-democracia e antifascista. A poucos metros dali, em frente à sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), havia um grupo de manifestantes pró-Bolsonaro, que realizava um ato no local. Houve confronto entre manifestantes dos dois grupos e a PM interveio com bombas de gás.

Dos seis presos, cinco foram acusados de se envolverem em uma briga com um apoiador do presidente, que teria provocado o grupo. O celular do agredido foi tomado por um dos detidos, que permaneceria preso até a audiência de custódia. Os outros quatro detidos seriam liberados ainda nesta noite.

O tenente-coronel André Rosário da Silva, do 13° Batalhão da PM, que atendeu a ocorrência das manifestações, afirmou que a PM agiu para dispersar um confronto que havia ocorrido entre os integrantes dos protestos rivais. Ele não deu entrevista.

Um coronel reformado da PM e duas estudantes procuraram a Polícia Civil para registrar queixas de agressão. Além disso, o deputado estadual Gil Diniz (PSL) também esteve no 78° Distrito Policial (Jardins) afirmando que havia sido “agredido verbalmente” no ato da Paulista.

Diniz é aliado da família Bolsonaro em São Paulo e foi um dos alvos da operação, na semana passada, que cumpriu mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito das fake news, conduzida no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro Alexandre de Moraes. “Todos os domingos, nós nos reunimos ali (próximo à Curso). Faz mais de mês. Hoje, os ‘antifas’ (antifascistas) resolveram aparecer”, disse Diniz.

As estudantes Bruna Duarte, de 21 anos, e Jéssica Carrillo, da mesma idade, afirmaram que forma agredidas com socos e jatos de spray de pimenta vindos de apoiadores do presidente. As jovens terminaram retiradas da Paulista por policiais militares. “A gente achou que eles estavam lá para nos proteger, mas quando viu, fomos nós, as agredidas, que foram detidas”, disse Bruna.

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As jovens contam que souberam do ato convocado pelas torcidas organizadas e saíram de carro, da zona leste, para ver a manifestação. “Já tinha acabado e nos estávamos voltando para o carro, que estava na (Avenida) Brigadeiro (Luís Antônio, que cruza com a Paulista). Lá, viram a gente e partiram para cima”, completou Jéssica.

Bruna teve uma blusa roubada. Jéssica conta que, depois de serem retiradas da confusão por PMs, foram comunicadas de que iriam para a delegacia. Mas, ao chegar no DP, foram dispensadas antes de serem apresentadas ao delegado. “Na Alemanha, se você usa uma bandeira nazista, é preso. Aqui, os nazistas usam bandeira do Brasil”, disse Jéssica, chorando.

O coronel reformado da PM paulista Américo Massaki, de 53 anos, afirmou que foi agredido por pessoas vestidas de preto quando tentava se dirigir à manifestação em apoio ao presidente. Ele tinha um curativo na mão e afirma ter sido atingido na cabeça e na perna.

O coronel contou que estava com mais duas pessoas quando foi cercado e agredido. Um rojão teria sido lançado próximo a ele. “Eu tinha estacionado o carro na (Rua) Augusta e ia a pé até a manifestação.” Seu objetivo era chegar no ato a favor do presidente e gravar um vídeo para se posicionar contra ações que, em seu entendimento, “ultrapassaram a harmonia das esferas de poder”. Mas se envolveu na confusão antes disso.

Massaki havia avisado policias da ativa que iria à delegacia e era aguardado quando chegou. Foi cumprimentado por colegas fardados que, como de praxe, lhe prestaram continência.


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