Um voluntário americano que ajudou dois imigrantes centro-americanos com fome e desidratados a cruzar a fronteira de forma irregular será julgado pela segunda vez depois que o primeiro julgamento foi declarado nulo por falta de acordo no júri.

Há uma diferença substancial entre o primeiro e o segundo processo: a pena.

Scott Warren, professor de geografia e voluntário da ONG No More Deaths, corria o risco de pegar até 20 anos de prisão pela acusação de conspiração para contrabandear e abrigar imigrantes sem documentos, o que está descartado no novo julgamento.

Três semanas após o fracasso no primeiro julgamento, procuradores federais denunciaram o voluntário nesta terça-feira, no Arizona, por encobrimento de imigrantes em situação irregular, uma acusação criminal que estariam dispostos também a arquivar caso Warren se declare culpado por um delito menor, de “ajudar e instigar a entrar sem autorização” no país.

A sentença seria de 24 horas de prisão, já cumpridas.

O voluntário tem 10 dias para responder a esta oferta, mas seu advogado, Gregory Kuykendall, não se mostrou muito aberto à ideia.

“Conhecemos bem a estratégia do governo e estamos em uma posição ainda melhor para defender o Dr. Warren. Me decepciona, mas não me surpreende, que o governo queira prosseguir com este caso”, disse à AFP.

O grupo No More Deaths foi criado em 2004 com a missão de evitar a morte dos numerosos imigrantes que cruzam de forma irregular a fronteira pelo deserto em condições desumanas.

Os procuradores acusam Warren de ter organizado a travessia irregular de dois imigrantes em situação irregular de El Salvador e Honduras, de abrigá-los e, o que é considerado mais grave, de protegê-los da Patrulha Fronteiriça.

A defesa de Warren argumentou que o que ele fez foi demonstrar a “bondade humana básica” ao ajudar esses dois homens que ele diz ter conhecido quando apareceram com sede e fome em um abrigo perto da fronteira com o México, a 177 km de Tucson.

O primeiro julgamento de Warren foi anulado em 11 de junho porque o juri não conseguiu chegar a um acordo sobre um veredito após três dias de deliberações.

O novo julgamento está previsto para começar em 12 de novembro.