29/08/2024 - 14:06
O Exército israelense indicou, nesta quinta-feira (29), que matou sete combatentes palestinos, no segundo dia de uma “operação antiterrorista” em grande escala na Cisjordânia ocupada, a qual a ONU exige o seu fim “imediato”.
São pelo menos 16 os mortos desde que o Exército israelense iniciou a operação na quarta-feira com bombardeios e incursões com veículos blindados nas cidades de Jenin, Nablus, Tubas e Tulkarem e em dois campos de refugiados, onde os grupos armados que lutam contra a ocupação israelense são muito ativos.
A intervenção israelense despertou “profunda preocupação” na ONU, que alertou que a situação poderia “alimentar uma situação já explosiva na Cisjordânia ocupada”. Seu secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu na rede social X o seu “fim imediato” e condenou “firmemente a morte, especialmente de crianças”.
As incursões militares israelenses são comuns na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. No entanto, é incomum que sejam realizadas simultaneamente em várias cidades.
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque mortal do movimento islamista palestino em solo israelense no dia 7 de outubro, a violência se intensificou na Cisjordânia.
As autoridades israelenses haviam informado na quarta-feira a “eliminação” de nove combatentes.
Na quinta-feira, o Exército israelense afirmou ter matado cinco combatentes que estavam “refugiados em uma mesquita” no campo de refugiados de Nur Shams, em Tulkarem. O movimento islamista palestino Jihad Islâmica, aliado do Hamas, confirmou a morte de um de seus comandantes.
Mas, segundo o governador de Tulkarem, Mostafa Taqataqa, eles foram mortos “por um tiro de foguete contra sua casa”, e não em combate.
Mais tarde, os militares israelenses anunciaram que haviam matado outros dois palestinos em Jenin e “detido mais de dez indivíduos entrincheirados”.
Jenin continuou sendo palco de confrontos durante a tarde e as forças israelenses continuaram sua operação em Tulkarem, segundo dois jornalistas da AFP.
Quase metade da cidade está sem água e no campo de Nur Shams, não havia uma gota sequer, informou um funcionário municipal de Tulkarem, Hakim Abu Safiyeh. “A destruição é enorme”, acrescentou.
Desde 7 de outubro, pelo menos 637 palestinos morreram na Cisjordânia pelas mãos do Exército israelense ou de colonos, segundo a ONU, e pelo menos 19 israelenses, incluindo soldados, perderam a vida em ataques palestinos ou em operações do Exército em áreas palestinas, segundo dados oficiais israelenses.
Segundo os acordos de paz israelense-palestinos de Oslo de 1993, o Exército de Israel não deve entrar nas zonas autônomas situadas sob o controle exclusivo das forças de segurança da Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, advertiu que a operação israelense “na Cisjordânia ocupada não deve constituir as premissas de uma extensão da guerra a partir de Gaza, incluindo uma destruição em grande escala”.
O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que o Exército busca “desmantelar as infraestruturas terroristas iranianas-islamistas” na Cisjordânia.
A Jihad Islâmica acusou Israel de buscar “anexar a Cisjordânia” com essas operações, enquanto o Irã denunciou “a destruição brutal das infraestruturas urbanas e dos serviços” e instou a comunidade internacional a tomar “medidas imediatas e eficazes para colocar fim ao genocídio da nação palestina”.
Na Faixa de Gaza, território governado pelo Hamas desde 2007, a Defesa Civil relatou oito mortos em novos bombardeios no norte. Uma fonte médica informou à AFP que três palestinos morreram em um ataque com drone no sul.
O Exército israelense afirmou ter atingido cerca de 40 “alvos terroristas” em Gaza nas últimas 24 horas e eliminado “dezenas de terroristas”, um dos quais, segundo o comunicado, participou do ataque de 7 de outubro.
Naquele dia, os milicianos islamistas mataram 1.199 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Também sequestraram 251 pessoas, das quais 103 continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 33 que os militares israelenses declararam mortas.
Em resposta, Israel lançou uma vasta ofensiva que já deixou 40.602 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
A guerra mergulhou os 2,4 milhões de habitantes de Gaza em uma situação humanitária catastrófica.
Os países mediadores do conflito entre Israel e Hamas – Catar, Egito e Estados Unidos – tentam conseguir uma trégua e a libertação dos reféns em troca de palestinos presos em Israel.
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