29/08/2024 - 8:25
O Exército israelense anunciou nesta quinta-feira (29) que matou cinco militantes palestinos que estavam entrincheirados em uma mesquita, no segundo dia de uma “operação antiterrorista” em larga escala na Cisjordânia ocupada, que segundo a ONU está “agravando uma situação já explosiva”.
No total, 12 pessoas morreram desde que o Exército de Israel iniciou a operação na quarta-feira, com bombardeios e incursões de comboios blindados nas cidades de Jenin, Nablus, Tubas e Tulkarem e dois campos de refugiados, onde os grupos armados que lutam contra a ocupação de Israel têm forte presença.
As incursões militares israelenses são comuns na Cisjordânia, território palestino ocupado pelo Exército de Israel desde 1967. Porém, operações simultâneas em várias cidades são incomuns.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino em território israelense em 7 de outubro, a violência também aumentou na Cisjordânia.
As autoridades israelenses anunciaram na quarta-feira que “eliminaram” nove combatentes palestinos. O Ministério da Saúde palestino informou nesta quinta-feira um balanço de “12 mortos” desde o início das incursões.
Os cinco palestinos mortos nesta quinta-feira no campo de refugiados de Nur Shams, em Tulkarem, estavam “entrincheirados em uma mesquita”, segundo o Exército. O movimento islamista palestino Jihad Islâmica, aliado do Hamas, confirmou a morte de um de seus comandantes.
Desde 7 de outubro, pelo menos 637 palestinos morreram na Cisjordânia em ações do Exército israelense ou de colonos, segundo a ONU, e pelo menos 19 israelenses, incluindo soldados, morreram em ataques palestinos ou durante operações do Exército nesta zona autônoma palestina, segundo números oficiais israelenses.
Um correspondente da AFP observou combates durante a manhã em Jenin.
O Crescente Vermelho Palestino anunciou que perdeu o contato com suas equipes na cidade. Segundo a organização humanitária, a conexão com a internet e as redes de telefonia foram cortadas.
Os soldados israelenses também prosseguem com as operações em Tulkarem.
Segundo os acordos de paz israelense-palestinos de Oslo de 1993, o Exército israelense não deve entrar nas zonas autônomas sob controle exclusivo das forças de segurança da Autoridade Palestina.
“Estes acontecimentos perigosos estão agravando uma situação já explosiva na Cisjordânia ocupada e minando ainda mais a Autoridade Palestina”, denunciou a ONU, ao destacar que entre as vítimas fatais há “crianças”.
Hakim Abu Safiyeh, funcionário municipal de Tulkarem, afirmou que a “destruição é enorme”.
Mostafa Taqataqa, governador de Tulkarem, chamou a incursão de “sinal perigoso e sem precedentes”.
O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, afirmou que o Exército pretende “desmantelar as infraestruturas terroristas iraniano-islamistas” na Cisjordânia.
O movimento Jihad Islâmica denunciou uma “guerra aberta do ocupante” israelense para impor uma nova situação no território para anexar a Cisjordânia”.
Em Gaza, a Defesa Civil relatou oito mortes em novos bombardeios no norte. Uma fonte médica disse à AFP que três palestinos morreram em um ataque de drones no sul.
O Exército de Israel anunciou que atingiu quase 40 “alvos terroristas” em Gaza nas últimas 24 horas e eliminou “dezenas de terroristas”, incluindo um que participou no ataque de 7 de outubro.
Na data, o Hamas executou um ataque sem precedentes no sul de Israel, onde mataram 1.199 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço baseado em números oficiais.
Também sequestraram 251 pessoas, das quais 103 continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 33 declarados mortos pelo Exército israelense.
Em resposta. Israel iniciou uma grande ofensiva que deixou 40.602 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
Os países mediadores entre Israel e Hamas – Catar, Egito e Estados Unidos – tentam negociar uma trégua e a libertação de reféns em troca de palestinos presos em Israel.
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