O britânico Ali Harbi Ali, seguidor do grupo extremista Estado Islâmico (EI), foi declarado culpado, nesta segunda-feira (11), de assassinato e preparação de atos terroristas, após esfaquear até a morte o deputado David Amess.

Nascido e criado em Londres em uma família de origem somali, Ali, de 26 anos, proclamou-se inocente das acusações, mas afirmou, durante uma audiência, que atacou o deputado conservador para impedir que “provocasse danos” aos muçulmanos.

“Isso envia uma mensagem para seus colegas”, justificou.

Definindo-se como um simpatizante do grupo Estado Islâmico, o réu garantiu que agiu sozinho e disse não ter remorso por ter matado o deputado, depois que o representante votou a favor de se bombardear a Síria em 2014.

A família de Amess estava no tribunal no momento da leitura do veredicto, durante a qual Ali se recusou a ficar de pé, alegando motivos religiosos. A pena será anunciada em uma audiência na quarta-feira (13).

Um firme defensor do Brexit e um católico fervoroso pai de cinco filhos, o parlamentar Amess, de 69 anos, do Partido Conservador de Boris Johnson, foi esfaqueado mais de 20 vezes em 15 de outubro, durante encontro com eleitores em uma igreja metodista de Leigh-on-Sea, cerca de 60 quilômetros a leste de Londres.

Ali foi preso no local, onde se sentou para esperar a chegada da polícia. De acordo com a imprensa britânica, ele já havia sido submetido a um programa contra a radicalização. Ainda assim, não era considerado “de risco” por parte dos serviços de segurança britânicos.

Filho de um ex-assessor do primeiro-ministro somali, o acusado “se radicalizou na Internet” em 2014, conforme um de seus amigos. Abandonou a universidade, assim como seus planos de se tornar médico, e considerou ir lutar na Síria, até decidir atacar em solo britânico.

A polícia disse que não procura por mais ninguém em conexão com este ataque.

O homicídio de Amess chocou o Reino Unido, já marcado pela morte da deputada trabalhista pró-europeia Jo Cox, de 41 anos, em junho de 2016. Ela foi assassinada por um simpatizante neonazista uma semana antes do referendo sobre o Brexit.

Sua morte provocou apelos de reforço da segurança dos parlamentares, apesar do risco de que um aumento nessa proteção possa implicar restrições à tradição dos parlamentares britânicos de se reunirem, semanalmente, com seus eleitores.

“Quando ele (Amess) morreu, estava fazendo o que acreditava ser, firmemente, a parte mais importante do trabalho de qualquer parlamentar: oferecer ajuda aos necessitados”, declarou o primeiro-ministro Boris Johnson durante uma homenagem em outubro passado.

Eleito pela primeira vez em 1983, Amess era “firme em suas convicções, mas sempre respeitoso com aqueles que pensavam diferente dele”, completou.

Descrevendo-o como um “homem de paz”, a família da vítima pediu que se “deixe o ódio de lado e se trabalhe pela unidade”.

“Seja qual for sua raça, crenças religiosas, ou políticas, seja tolerante e tente entender”, acrescentou.