O secretário Mozart Sales, do Ministério da Saúde, fez uma publicação nas redes sociais nesta quarta-feira, 13, em que afirmou ser vítima de uma sanção “injusta” e defendeu o programa Mais Médicos. Sales teve seu visto revogado pelos Estados Unidos acusado por Washington de “cumplicidade” na “exploração” de profissionais de saúde cubanos.
O secretário do Ministério da Saúde declarou que o Mais Médicos “defende a vida” e “representa a essência do SUS”. “O programa é uma iniciativa primordial do Governo Federal para garantir o necessário atendimento de saúde a milhões de brasileiros em todas as regiões do País”, pontuou.
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O Mais Médicos foi lançado em 2013 pelo governo da presidente Dilma Rousseff (PT) para atender áreas desfavorecidas por meio de um convênio com a Opas (Organização Panamericana da Saúde), escritório para o continente americano da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Na resposta às sanções, Sales reiterou que médicos cubanos já prestavam atendimento em outros 58 países por meio de mecanismos de cooperação internacional. “Desde seu início, o Mais Médicos conquistou a aprovação de 87% do povo brasileiro, conforme pesquisa Datafolha de 2013”, acrescentou o secretário, complementando que “inúmeras” publicações científicas comprovam os impactos positivos do programa.
Mais Médicos
O governo de Cuba vende serviços para outros países por meio das chamadas “missões internacionalistas”, que incluem atividades médicas, que representam, segundo analistas, a principal fonte de divisas para a ilha.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que tanto eles quanto ex-funcionários da Opas, cujo nome não revelou, facilitaram “o estratagema” de Havana que “explora os trabalhadores de saúde cubanos por meio de trabalhos forçados”.
Washington acusa os brasileiros Mozart Júlio Tabosa Sales e Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo e consultor para a COP30 da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) de terem desempenhado “um papel no planejamento e execução” do Mais Médicos.
Dezenas de médicos de Cuba “relataram terem sido explorados pelo regime cubano como parte do programa”, acrescentou o secretário de Estado.
O Brasil está há meses sob o foco do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, principalmente devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
O Mais Médicos foi retomado em 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o compromisso de priorizar médicos brasileiros, após uma forte redução durante o governo Bolsonaro (2019-2022).
O Departamento de Estado americano também emitiu um comunicado em que anunciou restrições de vistos a funcionários dos governos de Cuba, Granada e países africanos não especificados, por “cumplicidade” nas missões médicas cubanas.