Secretário pede demissão após Ibaneis promulgar lei sobre vítimas do comunismo

Bartolomeu Rodrigues chamou proposta de abjecta e lembrou o assassinato de Herzog

Reprodução/GDF
Foto: Reprodução/GDF

O secretário de Assuntos Institucionais do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, pediu demissão na sexta-feira, 24, após a promulgação de uma lei comemorativa de memória às vítimas do comunismo. A demissão foi anunciada em carta aberta nas redes sociais, em que critica o projeto apoiado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).

Na publicação, Rodrigues disse que a proposta é “abjecta” e é um revisionismo que nega a história. Ele citou Vladimir Herzog, morto na ditadura, para afirmar que o governo do estado ignora “cadáveres reais” do período militar e classificou a lei como uma “agressão” à memória do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

“Esta tentativa de revisionismo nega nossa história, reabre feridas e cria fantasmas onde não existem, enquanto ignora cadáveres reais. Há 50 anos, ele (Vladimir Herzog) foi uma das milhares de vítimas de uma ditadura militar que, em nome do ‘anticomunismo’, institucionalizou a tortura como política de Estado”.

“Ver hoje o Distrito Federal, a capital da esperança sonhada por Juscelino (este também cassado de seus direitos políticos pela ditadura) adotar tal dispositivo é uma agressão à memória de JK, de Oscar Niemeyer, de Darcy Ribeiro e de todos os que se sacrificaram na luta contra o arbítrio. Representa ceder, a qualquer custo, às mentes mais retrógradas de uma página sombria de nossa história”, disse Bartolomeu

O projeto foi aprovado pela Câmara Distrital em junho e cria o “Dia da Memória das Vítimas do Comunismo”. A lei é de autoria do deputado Thiago Mazoni (PL), que defende a reflexão no DF “sobre as mortes causadas pela ideologia” para que o país não seja “assolado por esse mal”.

Até o momento, o governo do Distrito Federal e o governador Ibaneis Rocha não comentaram o assunto.