Secretário-geral da ONU pede respeito aos direitos humanos em protestos no Equador

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu nesta terça-feira (30) respeito aos direitos humanos e o fim da violência no Equador após os protestos contra o governo na última semana, que deixaram um civil morto e 13 militares retidos pelos manifestantes.

Indígenas equatorianos bloqueiam desde 22 de setembro as estradas em várias províncias do país contra um decreto do presidente Daniel Noboa que eliminou o subsídio para o diesel e aumentou seu preço em 56%, o que encarece o custo de vida em regiões agrícolas.

“O secretário-geral está profundamente preocupado com a violência ocorrida durante as recentes manifestações no Equador, que resultaram na morte de um manifestante”, disse Farhan Haq, porta-voz de Guterres, em entrevista coletiva.

Guterres “exorta ao pleno respeito pelos direitos humanos e destaca a importância de salvaguardar o espaço cívico”, “insta todos os atores a se absterem de qualquer forma de violência e reitera a importância de resolver as disputas por meio de um diálogo inclusivo”, acrescentou o porta-voz.

Fortes confrontos foram registrados no domingo no Equador entre manifestantes e soldados, com o saldo de um membro da comunidade morto por impactos de balas. Além disso, 17 militares foram retidos em meio às marchas, dos quais quatro foram libertados na segunda-feira na localidade andina de Cotacachi, um dos principais focos dos protestos no norte do país.

Nem as autoridades nem as organizações indígenas deram clareza sobre o paradeiro dos demais agentes, que, segundo o governo, foram “sequestrados”.

O governo de Noboa, no poder desde novembro de 2023, denuncia “atos terroristas” durante as manifestações e ameaça os responsáveis com penas de até 30 anos de prisão por esse delito.

De acordo com o Ministério do Interior, há 90 presos pelos protestos, dos quais 12 enfrentam processos judiciais.

Noboa sustenta que entre os manifestantes há infiltrados de máfias como a gangue venezuelana Tren de Aragua, porém o presidente não deu mais detalhes de sua denúncia.

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