NOVA YORK, 21 SET (ANSA) – O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, descartou nessa segunda-feira (21) impor novas sanções contra o Irã, como pedem os Estados Unidos, se o Conselho de Segurança não determinar a medida.   

Em uma carta enviada ao presidente atual do Conselho, o líder do Palácio de Vidro explicou que “parece haver a incerteza” se os EUA ativaram ou não o chamado snapback – um dispositivo que permite que um dos países que firmaram o acordo nuclear com Teerã em 2015 possa reimplantar sanções.   

“O Conselho de Segurança não iniciou nenhuma ação sucessiva ao recebimento da carta do secretário de Estado dos Estados Unidos, nem o fez algum de seus membros ou o seu presidente”, destacou Guterres ressaltando ainda que uma decisão sobre o caso “não deve ser realizada pelo secretário-geral”.   

O chamado grupo 5 + 1 é formado pelos cinco membros permanentes do CS (China, Rússia, EUA, França e Reino Unido) e a Alemanha, bem como tem a observação da União Europeia. No entanto, em 2018, o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o seu país do pacto por considerá-lo “ruim” e vem aplicando sanções contra os iranianos.   

Agora, em época de campanha eleitoral, os norte-americanos decidiram ativar o snapback no Conselho. Porém, nenhum dos outros membros do acordo aceitou a medida por um motivo até bastante simples: o mecanismo só pode ser ativado por alguém que seja “participante”, algo que não ocorre mais por conta da decisão do republicano. Mesmo assim, Washington informou que ativaria o dispositivo.   

No fim de semana, o secretário de Estado, Mike Pompeo, voltou a criar tensão com os outros membros do CS ao dizer que seu país reimporia as sanções mais duras de maneira unilateral já a partir de ontem (20) o que, novamente, foi rechaçado tanto pelos aliados europeus como pelos chineses e russos.   

Para Moscou, essa é mais uma ação “ilegítima” dos norte-americanos e que isso “não tem nenhuma consequência legal e internacional para os outros países”.   

Em nota oficial, o alto representante europeu para Política Externa, Josep Borrell, reafirmou que os EUA se “retiraram unilateralmente” do acordo e “não podem iniciar o processo para a reaplicação das sanções da ONU decididas com a resolução 2231”.   

O Irã também fez um apelo para que o mundo “responda às ações irresponsáveis” de Washington e que “a comunidade internacional e todos os países do mundo se oponham” à medida. (ANSA).