O secretário-geral da ONU, António Guterres, chamou, nesta terça-feira (26) de “loucura” a nova “corrida armamentista” nuclear, enquanto a Coreia do Norte advertiu que a península coreana “está à beira de uma guerra nuclear” devido aos Estados Unidos e à Coreia do Sul.

“Eu me comprometi a fazer o que estiver ao meu alcance para mobilizar os países sobre a necessidade de eliminar esses artefatos da face da Terra”, ressaltou Guterres, por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação Total de Armas Nucleares.

“É urgente. Uma corrida armamentista preocupante está sendo preparada. O número de armas nucleares pode aumentar pela primeira vez em décadas”, alertou, lamentando que “a arquitetura mundial do desarmamento e da não-proliferação” se desintegre.

Os arsenais nucleares estão se “modernizando, para que essas armas sejam mais rápidas, precisas e sigilosas. Os tambores nucleares voltam a rufar”, advertiu, chamando o cenário de “loucura”.

É preciso “recuar”, especialmente os Estados com armas nucleares, aos quais pediu que não apenas cumpram suas “obrigações de desarmamento”, como também “se comprometam a nunca mais usar armas nucleares sob qualquer circunstância”.

“A única forma de impedir o uso de armas nucleares é eliminando-as” antes de que possam “desencadear uma catástrofe humanitária de proporções épicas”, acrescentou Guterres.

Embora não tenha citado nenhum Estado, o medo de um conflito nuclear ressurgiu com as ameaças nucleares da Rússia após a invasão à Ucrânia ou a corrida empreendida pela Coreia do Norte.

– Aumento de arsenais –

Em meio à tensão geopolítica crescente, o arsenal nuclear de vários países cresceu em 2022, principalmente o da China, enquanto outras potências nucleares continuaram a modernizar seus arsenais, aponta um relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), divulgado em junho.

A Coreia do Norte alertou hoje na ONU que a península coreana está “à beira de uma guerra nuclear” e culpou Washington e sua estratégia na Ásia.

Os “atos imprudentes” e a “histeria contínua dos Estados Unidos e de seus aliados em termos de confronto nuclear estão levando a península coreana a uma situação militar à beira da guerra nuclear”, advertiu o embaixador de Pyongyang, Kim Song, em discurso na Assembleia Geral da ONU.

Kim criticou a política de Washington no nordeste asiático e denunciou uma “situação atual perigosa que é culpa dos Estados Unidos, que procuram aperfeiçoar sua ambição hegemônica por todos os meios, superestimando o seu poder”.

– ‘Resposta contundente’ –

Para o representante do regime comunista de Kim Jong-un, “a responsabilidade também recai sobre a Coreia do Sul, que pretende impor o flagelo de uma guerra nuclear”. Seul está “obcecada pela submissão voluntária aos Estados Unidos e pelo confronto fratricida”, concluiu.

Do outro lado do mundo, a Coreia do Sul organizou hoje seu primeiro desfile militar em uma década, com a participação inédita dos Estados Unidos, uma demonstração de força em um momento de tensão com a Coreia do Norte.

“Se a Coreia do Norte usar armas nucleares, seu regime será contido por uma resposta contundente da aliança entre Estados Unidos e Coreia do Sul”, afirmou o presidente Yoon Suk Yeol, um conservador que intensificou a cooperação militar com os Estados Unidos e o Japão.

“Vocês realmente acreditam, como afirma a Coreia do Norte, que a Coreia do Sul e os Estados Unidos conspiram para provocar uma guerra nuclear na península?”, questionou hoje um dos representantes de Seul na ONU, chamando as acusações de absurdas.

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