O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, deixou o cargo após suspeitas de conflito interesse ligado ao leilão do arroz, que foi cancelado nesta terça-feira, 11.

A saída de Geller estaria ligada ao fato do ex-assessor Robson França ter representado, por meio da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso, empresas vencedoras no leilão.

A Foco Corretora de Grãos, principal corretora do leilão de arroz feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é do empresário Robson França. Ele foi assessor parlamentar de Geller na Câmara e é sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas.

Em entrevista coletiva, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que “não há fato que desabone” Geller, mas que ele decidiu colocar o cargo à disposição.

De acordo com Fávaro, contudo, Geller ponderou que, quando seu filho estabeleceu a sociedade com a corretora, “ele não era secretário e, portanto, não tinha conflito ali.” “Não há nenhum fato que gere qualquer tipo de suspeita. Mas que de fato gerou um transtorno e por isso ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição”, disse o ministro.

Geller também indicou o diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, responsável pelo leilão.

Em meio às suspeitas de irregularidades no arremate, o presidente da companhia, Edegar Pretto, afirmou que fará uma avaliação em relação à permanência do cargo de Thiago Santos.

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Leilão cancelado

O governo federal decidiu anular o leilão de arroz importado realizado na semana passada, afirmou o presidente da Conab, nesta terça-feira. Pretto citou questionamentos sobre a capacidade técnica e financeira das empresas ganhadoras do leilão.

O leilão foi anulado após suspeitas de irregularidades. “Em acordo com o ministro Fávaro [Agricultura] e Paulo Teixeira [Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar], decidimos anular esse leilão. E vamos revisitar os mecanismos que são estabelecidos para esses leilões, com apoio da Controladoria Geral da União, da Advocacia Geral da União, pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter as garantias de que vamos contratar empresas que tenham capacidade técnica e financeira, e que vão honrar os contratos. Por esse motivo, a decisão é anular esse leilão e proceder com um novo mais ajustado”, disse o  diretor-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, em entrevista coletiva aos jornalistas.

* Com Reuters e Estadão Conteúdo