Antenada nas tendências e inovações tecnológicas, a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo marcou presença na primeira edição do NFT Brasil, realizado de 2 a 4 de junho em São Paulo, no Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera, e surpreendeu o público ao demonstrar interesse em modernizar a cultura paulistana para levar arte para todos, onde estiverem.
Com uma gestão jovem, entusiasmada e com visão de futuro, a pasta quer atrelar tecnologia à cultura e tem planos de tokenizar bibliotecas, museus e obras de arte. O empreendedor do ramo de tecnologia e secretário adjunto da Cultura, Bruno Santos, durante sua participação no painel “Desafios das organizações na era da tokenização”, contou que uma das ideias é transformar o MAR – Museu de Arte de Rua de SP em um museu digital.
“As obras seriam NFTs e a pessoa com seu avatar andaria pelo museu e, ao parar na frente dessas obras, veria a obra como se fosse real, como se estivesse ali no Minhocão vendo um grafite, por exemplo”, detalha.
NFT é a sigla em inglês de ‘tokens não-fungíveis’, que são um tipo de ativo digital exclusivo. No mundo da arte, cada NFT representa uma obra virtual única, que pode ser uma fotografia, por exemplo, cujo proprietário obtém sua titularidade com certificado blockchain, e pode optar por guardar, expor, trocar ou até mesmo vendê-la.
No caso do MAR, a tokenização permitiria que vários artistas ainda não consagrados internacionalmente que integram o acervo tivessem suas artes divulgadas para o mundo de forma instantânea.
“O MAR é o maior museu de arte de rua do mundo, nele são investidos 500 mil dólares por ano, e essa seria uma forma inovadora de mostrar a grande potência que é a arte da cidade de São Paulo, principalmente o grafite de rua”, destaca Bruno, que dividiu o Palco NFT Brasil com Tamoio Athayde Marcondes – MCTI, Everton Goursand – MCTI e Michael Cerqueira – SP Negócios durante o painel.
Para Santos, a maior vantagem de trazer a tecnologia para a cultura são as novas oportunidades para o setor e seus artistas e profissionais. De acordo com o empreendedor, a cultura movimenta 3% do PIB e emprega 7% dos trabalhadores do país, e o uso das novas tecnologias além de expandir a arte, alavancaria a economia criativa: “O Brasil é uma potência cultural e isso tem que ser disseminado. Se a gente conseguir fazer a nossa cultura chegar a todos os lugares, vamos movimentar a economia, gerar mais renda e valorizar nossos artistas em todos os cantos do mundo”.
Segundo o secretário, um dos maiores desafios quando se fala em novas tecnologias no setor público são os entraves burocráticos e jurídicos, e é preciso mudanças na legislação, principalmente na lei de licitações e contratos públicos do município.
“Não temos no momento legislação que permita algumas coisas como a tokenização. Temos a ideia, mas não temos equipamentos jurídicos ainda para contratar. Acho que a gestão pública foi ficando cada vez mais rígida e como eu disse no painel: às vezes o setor público é inimigo do inédito; tudo que se pensa em fazer tem que ter um precedente. Eu já me considero o aposto, quero ver o novo acontecendo e entregando resultados”, diz.
“Precisamos de legisladores que olhem para esses temas e procuradores que entendam o valor de tecnologias como os tokens, que muito além de apenas cruzar dados para deixar os sistemas mais rápidos, vão estar no dia a dia das pessoas para levarmos o grafite do Minhocão até o Japão”, finaliza.
O NFT Brasil é o principal evento do segmento do país e a primeira exposição internacional de NFTs realizada na capital paulista, reunindo 150 artistas e exposições de 500 obras digitais. Cerca de 30 mil visitantes participaram durante os três dias de evento, que promoveu palestras e debates entre especialistas do Brasil e do exterior.