Um ano da gestão de Aline Torres como secretária municipal de Cultura de São Paulo se passou. Aos 36 anos e primeira mulher preta à frente da pasta, a gestora focou seus esforços no desafio de descentralizar a Cultura e os recursos da pasta, que antes não enxergava a periferia, para permitir que todas as pessoas, até mesmo dos cantos mais pobres de São Paulo, possam ter acesso à arte, cultura e entretenimento de qualidade. Cultura para todos, em todos os lugares. E, mais do que consumir cultura, a gestão de Aline trabalhou para que o artista da periferia também ocupe seu lugar nos palcos.

Um bom exemplo do começo dessa transformação da cultura de São Paulo foi a Virada Cultural 2022. O tradicional evento foi reformulado para que, 17 anos desde seu lançamento, pessoas da periferia não precisassem se deslocar até o Centro para participar. A maioria delas nem teria condições de fazer isso.

Aline levou a Virada para oito regiões de São Paulo, com a mesma estrutura técnica de qualidade da região central. Foi linda, foi memorável, foi no Centro e foi também na periferia. 41 bairros diferentes, mais de 500 apresentações artísticas, shows de grandes artistas na periferia, shows de artistas periféricos nos grandes palcos, e um público de 3,1 milhões quando o esperado era dois milhões. Uma verdadeira Virada Cultural do Pertencimento.

Além do mesmo acesso à cultura que as regiões mais nobres possuem, Torres quer a periferia trabalhando, quer gerar emprego e renda através da cultura em todas as regiões da cidade. Para isso, levou a voz da periferia para dentro da secretaria com o objetivo de escutar o que essas pessoas têm a dizer, para entender as carências, as reais demandas, e promover oportunidades.

Com esse entendimento, Aline vem investindo em educação e capacitação. Sua gestão lançou edital para expandir a EMIA (Escola Municipal de Iniciação Artística) e outros polos foram abertos em quatro locais da periferia: EMIA Brasilândia, Chácara do Jóquei, Parelheiros e Chácara das Flores. São 640 novas crianças impactadas e dezenas de professores contratados em regime CLT.

A secretária também lançou o REDE DAORA para capacitação e formação cultural de jovens periféricos em estúdios de alta tecnologia montados em contêineres nas periferias da cidade. Cursos de DJ, produção musical, mixagem de som, produção de conteúdo, design, moda e muito mais, são algumas das áreas que esses jovens poderão estudar. A expectativa é formar mais de quatro mil jovens por ano.

Para preservar a história e valorizar a raça negra, cinco estátuas de personalidades pretas foram inauguradas pela cidade nesse período: músico Itamar Assumpção, no Centro Cultural Penha; da sambista e ativista Madrinha Eunice, na Praça da Liberdade; músico sambista Geraldo Filme na Barra Funda; da escritora Carolina Maria de Jesus em Parelheiros; e do tricampeão Olímpico de salto triplo, Adhemar Ferreira da Silva, na avenida Braz Leme.

Para incentivar e exigir participação da população da periferia na cultura paulistana, a secretaria está preparando um novo decreto para alterar alguns pontos do Pro-Mac, lei de incentivo municipal a cultura, para instituir regras que garantam a participação efetiva das pessoas que moram na periferia nos projetos, assim como de egressos do sistema penitenciário e da Fundação Casa.

Se hoje pelo menos 80% dos recursos da Cultura são investidos na periferia, é porque Aline Torres está rompendo a bolha que exclui o povo preto, com o apoio do prefeito Ricardo Nunes que fez o que nenhum outro prefeito fez: confiar uma pasta tão importante a uma mulher preta porque também quer ver mudanças, quer ver a periferia trabalhando, crescendo, se divertindo, mostrando sua arte.

Se antes a cultura em São Paulo era voltada somente para as regiões mais centrais e nobres, hoje, com os primeiros passos da gestão de Aline Torres, ela caminha para ser cada vez mais acessível, diversa e democrática. Inclusão e diversidade definem essa gestão, que quer os de longe mais perto, e os diferentes mais próximos, sem estranhamentos.