Seca acelera colheita de soja da Argentina, mas baixo nível do rio Paraná preocupa

Seca acelera colheita de soja da Argentina, mas baixo nível do rio Paraná preocupa

Por Hugh Bronstein e Maximilian Heath

BUENOS AIRES (Reuters) – As colheitas de soja e milho da Argentina têm sido impulsionadas por condições climáticas ideais, mas a falta de chuvas que ajuda os produtores nos trabalhos de campo também contribui para que o rio Paraná permaneça com um baixo nível d’água, o que já começou a afetar as exportações agrícolas do país.

A falta de navegabilidade no rio, por onde são transportadas cerca de 80% das exportações de grãos da Argentina, tem sido um “problema subestimado” pelos exportadores, disse nesta quinta-feira o meteorologista German Heinzenknecht, da consultoria Climatologia Aplicada.

“O tempo está excelente para o progresso da colheita. Esperamos algumas chuvas na próxima semana na região leste, mas nada que desacelere a colheita”, afirmou.

“A situação do rio é muito séria e não deve melhorar até o final do ano. A navegabilidade vai piorar”, acrescentou Heinzenknecht.

Os navios estão carregando entre 5.500 toneladas a 7.000 toneladas a menos devido aos baixos níveis d’água, segundo o presidente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas (CAPyM, na sigla em espanhol), Guillermo Wade.

O nível do Paraná no polo exportador de Rosario, onde estão localizadas algumas das maiores unidades de processamento de soja do mundo, era de apenas 1 metro nesta quinta-feira, segundo a Guarda Costeira argentina.

Entre 1996 e 2020, a profundidade média do rio em Rosario nesta época do ano atingia 3,58 metros.

A medição é baseada em uma escala utilizada por capitães de navios e não reflete a profundidade real do curso d’água. Na verdade, o Paraná é dragado para cerca de 10 metros em Rosario.

A principal causa do baixo nível é o tempo seco no Brasil, onde o rio nasce. Na Argentina, o cinturão agrícola dos Pampas deverá permanecer majoritariamente seco nos próximos dias, com temperaturas acima do normal, disse a Bolsa de Cereais de Buenos Aires em relatório publicado nesta quinta-feira.

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