A Securities and Exchange Commission (SEC, que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos) abriu um processo na corte de Nova York contra o executivo brasileiro Fernando Passos, ex-vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores do IRB Brasil Re. Além da SEC, que pode multar o brasileiro, o Departamento de Justiça dos EUA abriu em paralelo um processo criminal contra Passos.

A SEC acusa o executivo de plantar uma “narrativa enganosa” na imprensa, além de disseminar “documentação falsa” alegando que a gestora Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffet, havia feito investimento substancial no ressegurador.

O processo foi protocolado na corte em Nova York nesta segunda-feira, 18, e argumenta que Passos, preocupado com a forte queda das ações do IRB após questionamentos da gestora Squadra sobre irregularidades no balanço do ressegurador, resolveu “fabricar” e divulgar a história do investimento de Buffet no IRB. Além das declarações na imprensa, a SEC acusa Passos de mostrar documentos forjados a interlocutores onde se via o aporte da Berkshire Hathaway.

Passos também falou sobre o falso aporte da Berkshire Hathaway em conversas com analistas nos Estados Unidos e Reino Unido, segundo o processo. O reflexo dessa estratégia foi que a ação do IRB disparou 6% após a imprensa publicar o suposto investimento de Warren Buffett.

Quando a gestora americana negou uma semana depois que tenha feito o investimento, as ações despencaram 40%.

Em fevereiro de 2020, Passos alegou que a gestora americana de Buffet triplicou seus investimentos no IRB, aproveitando a queda das ações. Poucos dias depois, a Berkshire Hathaway informou que não possuía ações da IRB, nunca foi seus acionistas e nem tinha a intenção de se tornar.

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“Conforme alegado na denúncia, Passos lançou mão de um esquema descarado para fraudar investidores e fez um grande esforço para perpetuar seu esquema, incluindo adulterar uma lista de acionistas”, afirma Jason J. Burt, diretor da regional de Denver da SEC.

Passos já foi processado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), acusado de perpetrar a irregularidade de manipulação de preços no mercado por conta da história da Berkshire Hathaway.

A reportagem busca contato com o ex-executivo do IRB e seus representantes para saber sua posição em relação aos processos.

Procurado, o IRB disse que não vai se pronunciar.


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