O motivo dessa coluna, é sempre trazer aspectos correlacionados a arte, arquitetura e, sobretudo, o design.

Para temas políticos, esta digníssima publicação tem melhores colunistas que este humilde designer que vos escreve.

Porém, dado os últimos acontecimentos, faz-se necessário falar sobre a importância da democracia como elemento fundamental na liberdade de expressão.

Os falaciosos podem dizer. “Imagina, nossa democracia não corre perigo” ou ainda “Quem está limitando a liberdade de expressão?”.

De fato, por enquanto, e graças à liberdade democrática, ninguém.

Porém, quando temos um “Manifesto à Democracia”, idealizado pelos mais importantes nomes da Faculdade de Direito das arcadas de São Francisco, além de empresários e banqueiros, acredito que devemos no mínimo estar atentos ao fato.

Se não nos posicionarmos agora, podemos sim, em um futuro próximo, ter nossa liberdade cerceada.

E um artista com liberdade cerceada é como um pássaro sem asas.

Arte e cultura são responsáveis por testemunhar a sociedade. O contexto histórico, costumes, questionamentos.

Para tanto está diretamente relacionada à democracia e o consequente acesso (livre) à informação.

Num passado não tão distante, vale lembrar, nos foi tolhido o direito de acesso à arte.

O balé Bolshoi, por exemplo, foi proibido de se apresentar no Brasil (pela ditadura militar) dado associação à União Soviética.

Ferreira Gullar, por sua vez, teve série de artigos confiscados. Motivo? A capa dizia “Do cubismo à Arte Neoconcreta”; o que foi imediatamente associado…. a CUBA.

A arte que engloba movimentos de música, pintura, arquitetura e design deve, em acordo com o filósofo Hegel, contrapor-se contra o pensamento corriqueiro e habitual, e através de outro entendimento da realidade provocar reflexões sobre o presente momento da vida.

Mas, convenhamos, gerar reflexões e questionamentos não é algo interessante a regimes totalitários.

Vale relembrar a cronologia do Golpe Militar:

Em 1964, tivemos o Ato Institucional 1.

Apenas 3 anos mais tarde tivemos o salão de Arte Moderna de Brasília, no qual obra de Cláudio Tozzi foi censurada.

Um ano depois, em 1968, a Bienal da Bahia foi fechada. Motivo? Obras com conteúdo erótico e subversivo

Já a Bienal de São Paulo teve grande boicote internacional (e nacional) em 1969 dada censura a diversas de suas obras.  Já no ano seguinte a X Bienal de São Paulo homenageou a Costa e Silva. (Entendeu?)

Observando já o âmbito internacional, um dos mais importantes movimentos estéticos do século XX, a Bauhaus foi amplamente perseguida pelo regime nazista. Em 1933 foi definitivamente fechada, pois contava com diversos professores russos (no início do século XX a Rússia tinha importantes movimentos no campo das artes gráficas e pintura) o que o tornava um movimento fértil para o bolchevismo cultural.

Antes disso houve uma alternativa, o ministro da Cultura alemão propôs ao diretor da escola, o arquiteto Mies van der Rohe, que o governo apoiaria a continuação da mesma se fosse abandonado o modernismo e se tornasse uma ferramenta de propaganda do Terceiro Reich.

O brilhante arquiteto (e cidadão) decidiu permanecer com as portas fechadas e mudar para o Estados Unidos da América.

O exterior, aliás, foi o caminho obrigatório para grande safra de artistas brasileiros Oscar Niemeyer, Caetano Veloso, Hélio Oiticica, Lygia Clarck, Sérgio Ferro, Milton Santos, Paulo Freire apenas para citar alguns.

Imaginou o quanto perdemos com a ausência de tantas mentes brilhantes?

Não venho aqui discutir o voto de ninguém, afinal ele é secreto e a escolha é livre.

Porém apoiar o questionamento, a lisura de um processo democrático, que elegeu as mais diversas figuras políticas para presidir nosso país, isso sim é questionável (e inaceitável)

Exatamente por esse motivo, me senti na obrigação de assinar tal manifesto que vale realçar é apartidário.

(clique aqui se quiser fazer o mesmo)