‘Se tiver filho meu metido nisso vai ser investigado’, diz Lula sobre fraudes no INSS

Fábio Luís Lula da Silva foi mencionado por suposta parceria comercial com Antônio Carlos Camilo Antunes, o 'Careca do INSS'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da cerimônia de regulamentação, pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), das novas regras que facilitam o acesso à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ao ser questionado sobre a Operação Sem Desconto da Polícia Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 18, que a corporação tem autonomia para realizar as investigações e que não há blindagem do governo a nenhum dos envolvidos nas fraudes do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que lesou aposentados e pensionista.

A ação resultou na prisão do então número dois do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal. O petista descartou que a decisão de apurar o caso partiu de governo, mas a deflagração da operação demorou porque “a gente queria investigar com seriedade a nossa controladoria levou praticamente dois anos fazendo investigação. Porque seria muito fácil fazer uma denúncia e não apurar”. “Se tiver filho meu metido nisso, vai ser investigado”, completou, em referência a Fábio Luís Lula da Silva, por suposta parceria comercial com Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.

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A corporação realizou nesta quinta uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga esquemas de fraudes por meio de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. O secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo Portal, teve prisão domiciliar decretada e foi exonerado da função em seguida.

Além de Adroaldo, o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo no Senado, foi alvo de um mandado de busca e apreensão.

Também foi alvo de buscas e de prisão preventiva o advogado Éric Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis que havia sido preso na fase anterior da operação. A suspeita da PF é que o escritório de Éric Fidelis intermediou propinas pagas pelo Careca do INSS. A banca movimentou cerca de R$ 12 milhões, segundo dados obtidos pela CPI do INSS.

Em nota, o senador Weverton Rocha disse ter sido surpreendido pela operação e se colocou à disposição das autoridades. “O senador Weverton Rocha informa que recebeu com surpresa a busca na sua residência, com serenidade se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral a decisão”, afirmou.

Além das investigações de PF e CGU, o escândalo do INSS também é apurado na esfera legislativa, com uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) responsável por colher os depoimentos dos suspeitos.

Em nota, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPMI do INSS, disse que a operação desta quinta reforça “a gravidade do esquema criminoso que lesou aposentados e pensionistas do INSS” e confirma a importância do trabalho da comissão.

“É importante destacar que, entre os alvos, estão pessoas e políticos já citados várias vezes durante o meu trabalho como relator na comissão. Entre eles, já havia formalizado o pedido de oitiva do senador Weverton Rocha”, disse.