O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, disse nesta quarta-feira, 18, que a autarquia tem instrumentos para combater uma eventual volatilidade adicional do câmbio, por exemplo, aumentando mais a taxa Selic caso o juro global suba. “Temos instrumentos para combater uma eventual volatilidade adicional do câmbio”, afirmou Serra. “Se precisar subir mais o juro porque o juro global sobe, a gente também pode fazer. O que a gente não tem instrumentos para controlar é a demanda global pressionando a inflação”, acrescentou.

Em evento organizado pela Câmara Espanhola e pelo escritório Pinheiro Neto Advogados na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, Serra afirmou que o processo de desinflação do País deve começar em maio.

O diretor do BC destacou que o canal de transmissão da política monetária pelo câmbio está mais eficiente este ano do que no ano passado. “Ver a performance do câmbio na margem nos últimos 12 meses, seis meses, year-to-date no acumulado do ano, o real é uma das melhores moedas do mundo, o que faz sentido nesse momento em que o Brasil se beneficia do choque de oferta global”, comentou. “É bom para a condução da política monetária.”

Serra disse ainda que é importante para o processo de desinflação brasileiro que a inflação global retorne para o nível de 2,0%, com a ação dos bancos centrais de países desenvolvidos. “Nossos modelos estão calibrados para um ambiente de inflação global por volta de 2,0%. Se não for o caso, é possível que os modelos não funcionem tão bem”, afirmou.

Para o diretor do BC, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, e os outros bancos centrais desenvolvidos parecem comprometidos em levar a inflação de volta para as metas.

Ele destacou que o choque de commodities agora é similar ao choque do petróleo de 1970, mas disse que os bancos centrais estão mais bem equipados para combater a inflação.