Shabnam Mobarez fez questão de mostrar que a situação das suas companheiras de seleção feminina do Afeganistão não é nada boa no país após o Talibã assumir o controle da capital Cabul.

A capitã da seleção inclusive fez um apelo à FIFA para intervir e salvar suas companheiras de time. A jogadora, de 26 anos, está nos Estados Unidos e tem mantido contato com as outras atletas por aplicativos de mensagens.

“’Você está bem?’ Minha colega de equipe no Afeganistão: ‘Não, não estou – sei que eles virão atrás de mim em breve, você pode me ajudar?’ FIFA, como devo responder a essa pergunta? Devemos agir para salvar minhas companheiras. Elas são minhas irmãs”, escreveu Mobarez.

Além de usar sua rede social, Shabnam concedeu uma entrevista à veículo português Tribuna Expresso na qual relata de forma aterrorizante, as possíveis represálias do Talibã com as outras jogadoras da seleção.

“É terrível ver as minhas amigas e companheiras de equipe a passarem por isso. Lutaram para empoderarem as mulheres no Afeganistão, tentamos usar o futebol como uma ferramenta para dar uma nova voz às mulheres e fazê-las lutar pelos seus direitos, mas, agora, parece que o futebol é algo que pode colocá-las em perigo e, potencialmente, matá-las. O que é desolador”, lamentou a atleta.

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Questionada se a Federação de Futebol do Afeganistão tomou alguma atitude, a jogadora disse que “eles simplesmente desapareceram”.

“Tenho falado com algumas jogadores e todas estão escondidas, mas não nas suas casas. Parece que os talibãs já sabiam os seus endereços, não sei como. Estão escondidas em casa de familiares ou amigos, sem revelarem a sua identidade. Até os membros e o staff da Federação de Futebol do Afeganistão simplesmente desapareceram, era previsível protegerem-nas, mas ninguém está lá. Parece que as pessoas que tinham dinheiro foram embora e agora temos todas estas mulheres desamparadas, deixadas à sua sorte”, detalhou.

Para piorar a situação, Mobarez cogitou a possibilidade das jogadoras serem mortas pelos talibãs, caso elas saiam dos locais em que estão escondidas.

“Adoraria poder ajudá-las mais, mas a situação é tão tensa que, neste momento, se saírem de casa serão mortas. Por agora, o melhor a fazer é esperar que a situação se acalme. Há a hipótese de os talibãs lhes baterem à porta e amanhã elas já não estarem entre nós. É por isso que é muito difícil saber o que seria a melhor coisa para elas fazerem. Quer que elas saiam de casa e tentem escapar do país? Isso é um risco muito elevado, mas também não sabemos se os talibãs vão descobrir o endereço das jogadoras. Tudo é muito incerto e para nós, que vemos de fora, é desolador ver e saber isso tudo e não podermos fazer nada. Estávamos a passos de bebê para fazermos do futebol uma grande modalidade para mulheres e meninas no Afeganistão, estávamos trazendo esperança e alegria para as pessoas, mas agora só escuridão e pesadelos”, finalizou.