A Polícia Civil de Santa Catarina indiciou duas pessoas por maus-tratos, lesão corporal, torturas física e psicológica, exposição a constrangimento e injúria no inquérito que apurava denúncias a respeito do tratamento dado às crianças, entre 1 e 6 anos de idade, na creche Bem Me Quer Desenvolvimento e Movimento, em Florianópolis (SC). As informações são do Uol.
Conforme os agentes da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso, foram ouvidas 35 pessoas, entre responsáveis legais pelas 22 crianças da creche, professoras e outras testemunhas, além de duas pessoas investigadas, que foram formalmente indiciadas. Os nomes delas não foram divulgados.
Em nota ao Uol, o advogado Christian Wundervald Koerich, que representa os responsáveis pela creche, afirmou que o processo tramita em segredo de justiça e que “as manifestações da comunicante serão realizadas apenas pelo meio adequado, qual seja, o processo judicial, reiterando as manifestações já apresentadas, especialmente para informar que continua à disposição das autoridades competentes para apuração dos fatos, negando-se a existência de qualquer ato ilícito pela comunicante”.
Relembre o caso
Em um vídeo, registrado por uma ex-funcionária da creche, é possível ver a diretora cobrindo a cabeça de uma bebê com um cobertor. “Para, para com essa porcaria. Que chata!”, reclamou a mulher. “Chega! Deu. Não solta essa chupeta, que fica perdendo essa porcaria”, disse ela em outro episódio.
A bebê das imagens tem 11 meses e era a mais nova aluna da creche Bem Me Quer.
Uma outra ex-funcionária já havia denunciado a creche Bem Me Quer no Conselho Tutelar. Mas, por falta de fotos ou vídeos, o caso não foi levado adiante.
A ex-funcionária ainda afirmou que a diretora manteve um menino autista sentado o dia inteiro atrás da mesa dela, porque ele batia nos outros colegas. “Ela raramente alimentava o menino, pois alegava que ele não comia muita coisa, os remédios dele eram jogados fora, pois dizia que ele cuspia nela quando tomava. Quando ele gritava, ela mandava calar a boca, gritava e às vezes batia.”
Segundo ela, um aluno que usava aparelho auditivo também era vítima de violência. “Assim que ele chegava na escola, ela nos mandava tirar o aparelho dele para que ele não o perdesse, deixando ele o dia todo sem.”
A ex-funcionária frisou que, além dos alunos, os empregados da creche também eram maltratados com gritos e humilhações.
Prefeitura afirma que creche estava irregular
Procurada pelo Uol, a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis informou que a creche não tinha autorização para funcionar. Também ressaltou que o Conselho Municipal de Educação recebeu, em fevereiro deste ano, uma denúncia, mas, na época, nenhuma irregularidade foi constatada.
Já o Conselho Tutelar do Continente, que é responsável pela região em que a creche está localizada, disse que recebeu uma denúncia em dezembro de 2021, mas não levou o caso adiante porque “faltava embasamento”.