11/11/2022 - 17:00
O período entre os 13 e os 19 anos é repleto de mudanças: puberdade, descoberta da sexualidade, alterações corporais, cobranças acadêmicas, socialização e muito mais. E em meio a tantas novidades, é importante que a saúde na adolescência — tanto física quanto mental — seja uma prioridade entre os jovens e seus responsáveis.
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A seguir, confira tudo o que você precisa saber sobre cuidados com a saúde durante o início da juventude.
Saúde na adolescência: principais pontos de atenção
A puberdade
Segundo o “Health for Teens”, de onde são as informações, a puberdade pode ocorrer entre os oito e os 16 anos. Por isso, é comum que, para algumas crianças e adolescentes, o desenvolvimento seja mais rápido do que para outras.
Durante a puberdade, assim como em toda a vida, é importante que crianças e adolescentes passem por consultas periódicas com médicos especializados e façam exames regulares para monitorar seu crescimento.
Nesse período, o organismo começa a liberar hormônios que instruem o corpo a crescer e a mudar. Em meninas, é na puberdade que os quadris ficam maiores, os seios começam a crescer, os pelos aparecem e a vulva e a vagina aumentam em tamanho e começam a produzir o corrimento vaginal — secreção necessária para a limpeza interna do órgão reprodutor. Além disso, é nessa época que se inicia a menstruação.
A menstruação
A menarca — primeira menstruação —, marca o início da vida reprodutiva de uma mulher. A menstruação é marcada por sangramentos que ocorrem mensalmente e podem durar até sete dias.
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A partir desse acontecimento, é necessário instruir meninas sobre como lidar com a menstruação, com as mudanças em seus próprios organismos e com seus sentimentos.
Elas devem entender o conceito de TPM (tensão pré-menstrual): trata-se de um conjunto de sintomas que surge antes da menstruação e pode incluir irritação, mudanças de humor, cansaço, surtos de acne e cólicas menstruais.
As cólicas podem ser tratadas com medicamentos de venda livre ou compressas quentes. No entanto, também é necessário observar a intensidade dos desconfortos, consultando especialistas em caso de dores excessivas e/ou incapacitantes.
Sexualidade e reprodução
A partir da primeira menstruação, o útero já pode ser fecundado. E é na adolescência que o despertar da sexualidade acontece, quando jovens começam a se interessar romanticamente por colegas e desejam experimentar novas sensações.
Por isso, é de extrema importância que eles recebam educação sexual nesse período. Ao contrário do que alguns podem pensar, o tema não trata de ensinar “como fazer sexo”, e sim de dar instruções acerca de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), métodos contraceptivos e, principalmente, consentimento.
Garotas devem ser ensinadas a entender os limites do toque e se impor quando não desejarem as investidas sexuais de outra pessoa. Elas devem ter ciência de que o sexo pode ser prazeroso quando feito com consentimento, mas que deve ser praticado de forma segura: sempre utilizando preservativos para evitar ISTs (como HPV, sífilis, clamídia, HIV e outras) e gravidez precoce.
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Nesse período, alguns problemas hormonais — como a endometriose e a síndrome dos ovários policísticos — também podem aparecer. Por isso, consultas regulares com um ginecologista são importantes para analisar a necessidade do consumo de contraceptivos hormonais, como a pílula anticoncepcional.
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Uso de drogas na adolescência
A liberdade concedida na adolescência pode fazer com que jovens sejam apresentados a agentes como álcool e drogas. Nessa fase, o cérebro ainda está em desenvolvimento, e o uso de entorpecentes pode prejudicar a função cerebral.
Segundo dados do Hospital Santa Mônica, o uso de drogas psicoativas altera a função dos neurotransmissores cerebrais, que permitem a comunicação com os nervos. Como resultado, a percepção do jovem é modificada: “O hábito do uso acaba por afetar o pensamento, raciocínio e a consciência desenvolvidos, podendo permanecer ao longo da vida de uma pessoa”, pontua o portal online da instituição.
Além disso, os especialistas destacam que o uso de drogas na juventude pode ocasionar diminuição na interação social, mau desenvolvimento da memória, queda no rendimento escolar, redução do senso crítico, aumento da chance de se desenvolver ISTs, risco de acidentes, dependência química e problemas de saúde mental.
Essas consequências devem ser explicitadas aos adolescentes, ressaltando que o uso de drogas pode ser perigoso para a integridade física e mental agora e no futuro.
Saúde mental
A adolescência pode ser um dos períodos mais desafiadores para a saúde mental. É nessa fase que iniciam-se as comparações, e adolescentes podem sofrer com bullying, automutilação, transtornos alimentares e muito mais.
Um dos principais cernes dos problemas de saúde mental na adolescência é a preocupação com a autoimagem, que pode ocasionar ansiedade e falta de energia e de vontade de se praticar atividades e hobbies. A queda na autoestima pode, ainda, resultar em discussões com a família.
Outra possível consequência dos problemas de autoimagem são os transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), eles afetam 4,7% dos brasileiros, e são especialmente prevalentes entre adolescentes e jovens adultas do sexo feminino.
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Cobranças acadêmicas — como a pressão para passar no vestibular —, uso excessivo de telas e de games e descobertas acerca de orientação sexual também podem afetar o bem-estar de adolescentes. Todos esses fatores podem ocasionar a automutilação como um mecanismo de enfrentamento de problemas.
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Para os responsáveis, é importante ter em mente que o adolescente que sofre com problemas de saúde mental não deve ser repreendido, e sim acolhido. Represálias podem gerar mais sentimentos negativos reprimidos, como raiva e vergonha.
Por isso, é necessário demonstrar apoio e incentivar o adolescente a se consultar com um(a) psicólogo(a). A escuta especializada pode ajudar jovens a colocarem seus problemas em perspectiva e minimizar o impacto negativo de alguns acontecimentos.
Tanto para a saúde mental como para a saúde física, também é importante incentivar jovens a praticar exercícios físicos e manter uma dieta saudável.
Vale ressaltar que os cuidados com todos os aspectos da saúde dos adolescentes são primordiais para uma adolescência mais tranquila e uma vida adulta saudável, embora não anulem cuidados futuros.