A dinâmica do COB (Comitê Olímpico do Brasil) nos Jogos Olímpicos de 2024 envolve, além dos treinamentos e condicionamento físico, um trabalho especial focado na saúde mental dos atletas.
Há dez profissionais em Paris especializados em psicologia esportiva, mais que o dobro dos enviados à edição de 2021, em Tóquio (foram quatro). Além deles, o Brasil terá um psiquiatra pela primeira vez na equipe.
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O atendimento de saúde mental acontece no Chateau de Saint-Ouen, local escolhido pelo comitê para servir de QG do Time Brasil na França. O espaço custou 400 mil euros (cerca de R$ 2,2 milhões), sendo 50% custeados pela prefeitura de Saint Ouen e 50% pelo próprio COB.
“Toda a nossa preparação é feita de uma forma bem alinhada para que possamos oferecer os melhores serviços possíveis aos atletas que estarão em Paris e nas subsedes dos Jogos. É um trabalho de rotina, é a continuação do trabalho que temos feito ao longo de todo o ciclo olímpico”, disse Eduardo Cillo, coordenador de psicologia esportiva do COB.
Tema ganhou importância
O aumento no investimento em saúde mental em relação aos Jogos de 2021 reflete a importância que a entidade passou a dar às questões comportamentais e seu impacto sobre o desempenho dos atletas nesse período.
Vale lembrar que, em Tóquio, a ginasta Simone Biles desistiu de sua participação por causa da saúde mental. Na delegação brasileira, o nadador Bruno Fratus (que não estará em Paris por causa de lesões) havia desistido de participar do Pan-Americano de 2023 pela mesma razão.
O Brasil contará com a presença de outros quatro psicólogos do COB em Paris, além de Cillo: Aline Wolff, Carla Di Pierro, Carla Ide e Marisa Markunas. Os demais, que completam a equipe de dez, foram “emprestados” por confederações e não tiveram sua identidade revelada à reportagem.
Outra novidade é a presença de Helio Fádel, atual coordenador do Núcleo de Saúde Mental do Vasco, que será o primeiro psiquiatra do Brasil a atuar em uma edição de Jogos Olímpicos.
Segundo pesquisas e estudos conduzidos pela Unicamp e FondaMental, cerca de 30% dos atletas, ao redor do mundo, sofrem de alguma doença mental, desde depressão a casos mais graves.
Fenômeno global
O Brasil está em “pé de igualdade” com os demais comitês no cuidado com a saúde mental. Os Estados Unidos, por exemplo, contam com 14 profissionais especializados para atuar em Paris. Jessica Bartley, diretora sênior de serviços psicológicos do Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA, afirmou que cerca de metade dos atletas do país nas duas últimas competições foram afetados por problemas como ansiedade, depressão, distúrbios do sono, distúrbios alimentares e uso ou abuso de substâncias.
“A importância da preparação mental para atletas de alto rendimento está em integrar um conjunto de ciências voltadas para garantir um estado mínimo de saúde mental e desempenho esportivo. Em uma rotina intensa e exigente como a desses atletas, manter a cabeça no lugar é crucial para evitar cansaço, perda de motivação, e manter o foco e a concentração, que são fundamentais para o sucesso na competição”, afirmou Eduardo Cillo.