Nem a Apple, a empresa mais valiosa do mundo, conseguiu escapar dos efeitos da pandemia. Pela primeira vez a companhia fun-dada por Steve Jobs não lançou em seu evento anual a esperada nova versão do iPhone, que foi adiada por atraso na produção. Por outro lado, o comportamento dos consumidores durante a quarentena levou a gigante da tecnologia a redefinir suas prioridades e obter bons resultados no segundo trimestre. Apesar da crise que abateu a economia mundial, a empresa alcançou uma receita de US$ 59,7 bilhões, recorde no faturamento para o período, com alta de 11% em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. E isso só aconteceu porque, mesmo com o celular ainda como o carro-chefe, outros dispositivos começaram a despontar nas vendas. Entre eles, o Apple Watch, o iPad e outros acessórios que vêm ajudando as pessoas durante o isolamento. Isso sem falar no crescimento de 18,8% nas assinaturas de serviços, que incluem produtos como iCloud, Apple Music, Apple TV+, entre outros, o que gerou um faturamento US$ 13,16 bilhões.

“Produtos como Apple Watch serão importantes para saúde das pessoas” Tim Cook, CEO que levou a companhia a ultrapassar o valor de US$ 2 trilhões

Com um olho nos números e outro no consumidor, a empresa lançou essa semana um relógio ainda mais inteligente. O Apple Watch Series 6 traz recursos interessantes em tempos de coronavírus — itens com foco na saúde, como a capacidade de medir oxigenação no sangue, batimentos cardíacos, qualidade de sono, além de outras informações sobre bem-estar geral. A Apple diz que foram feitas diversas melhorias em termos de hardware, incluindo o processador mais rápido, o S6, e o sistema operacional watchOS 7. Ele permite monitorar e sugerir treinos de ginástica, além de compartilhar resultados com a família ou amigos. A empresa acredita que a novidade vai incentivar o cliente a ser mais ativo, a se manter conectado e a cuidar melhor da saúde. A nova versão ainda vem com pulseiras coloridas e confortáveis.

Negócios em evolução

Na ponta de serviços, a companhia resolveu facilitar a vida do usuário, agrupando várias modalidades e cobrando apenas uma assinatura. A plataforma Apple One dá acesso a serviços como Apple Music, Apple TV+, Apple Arcade, Apple News+, iCloud e o mais novo Apple Fitness+, também lançado nesta semana de olho no bem-estar. O acesso pode ser feito por meio do iPhone, iPad, iPod touch, Apple TV e Mac. A assinatura pode ser individual (R$ 26,50 ao mês) ou familiar (R$ 37,90 ao mês). Outra aposta em tempos de pandemia é o Ipad, que ganha duas novas versões. O iPad 8ª geração, indicado para a educação online, tem maior potência graças ao chip A12 e um preço relativamente baixo para os padrões da Apple, a partir R$ 1.737. Já o iPad Air vem com o chip A14 Bionic e um design refinado que lembra o top de linha iPad Pro, por R$ 3.160.

Mais do que lançamentos de produtos, a Apple mostrou no evento que está mudando seu foco de negócio. Além do hardware, está ampliando sua participação em serviços e linhas de acessórios. A estratégia garante maior fluxo de receita e menor dependência de um único produto, o iPhone, uma mudança exigida pelos investidores. Tim Cook, CEO da companhia, entendeu o recado. O executivo — que levou a Apple ao topo do ranking das empresas mais valiosas do mundo, com inédito patamar de US$ 2 trilhões – já vinha reforçando a mudança desde o último ano, alegando que no futuro a Apple cumpriria a promessa de contribuir para a qualidade de vida e saúde da humanidade. “Produtos como Apple Watch serão importantes não só para saúde das pessoas, mas também para a das empresas”, disse o executivo. Após nove anos no comando, Cook busca um sucessor que continue o trabalho iniciado por Steve Jobs e que ele ajudou a elevar aos trilhões. Candidatos não faltarão.