PARIS, 21 OUT (ANSA) – O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy (2007-2012), foi preso nesta terça-feira (21) para cumprir uma pena de cinco anos por associação criminosa, no caso que investiga o suposto financiamento da Líbia à sua campanha presidencial em 2007.
Aos 70 anos, Sarkozy torna-se o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser encarcerado. Ele deixou sua residência, ao lado da esposa ? a cantora e atriz italiana Carla Bruni ?, por volta das 4h15 da manhã (horário de Brasília), e seguiu para a penitenciária de segurança máxima de La Santé, em Paris.
Na porta de sua casa, no 16º arrondissement, apoiadores, familiares e amigos se reuniram para demonstrar solidariedade.
Muitos cantaram repetidamente a “Marselhesa”, o hino nacional da França, em homenagem ao ex-presidente.
Durante o trajeto até a prisão, Sarkozy divulgou uma nota em suas redes sociais reafirmando sua inocência: “Quero lhes dizer, com a força inabalável que é a minha, que não é um ex-presidente da República que está sendo preso esta manhã ? é um inocente”.
Ele ainda classificou o processo como um “escândalo judiciário” e uma “via-crúcis” que enfrenta há mais de uma década. Segundo o ex-presidente, a investigação teria sido iniciada com base em um documento “cuja falsidade agora está comprovada”.
“Este é um caso de financiamento ilegal, sem o menor financiamento”, afirmou.
Em declarações citadas pelo jornal “Le Figaro”, Sarkozy, que espera permanecer na prisão o menor tempo possível, disse que sua “vida é um romance” e enfatizou: “Queriam me fazer desaparecer e isso me faz renascer”.
A defesa já protocolou um pedido de liberdade, que será analisado por um juiz e um tribunal de recursos nos próximos dois meses. Caso o pedido seja negado, Sarkozy poderá permanecer detido até o julgamento de apelação, previsto para março de 2026.
Sarkozy foi considerado culpado de associação criminosa por ter permitido que “colaboradores próximos e aliados políticos que agiam em seu nome” se aproximassem de autoridades da Líbia, então governada pelo ditador Muammar Kadafi, para “obter apoio financeiro” para sua campanha à Presidência.
Os fatos ocorreram entre 2005 e 2007, quando ele era ministro do Interior e líder do extinto partido conservador União do Movimento Popular (UMP).
O tribunal, no entanto, absolveu Sarkozy das acusações de apropriação indébita, corrupção passiva e financiamento ilegal de campanha, por considerar que ele acabou não utilizando fundos líbios em sua vitoriosa corrida ao Palácio do Eliseu.
A vida na prisão – Segundo a imprensa francesa, Sarkozy ocupará uma cela de 11 metros quadrados, com janela selada e sem acesso a celular. Ele poderá assistir a uma pequena televisão e permanecerá em regime de confinamento solitário, medida adotada para garantir sua segurança.
Além disso, terá direito a usar utensílios como faca e garfo de ponta arredondada, poderá cozinhar em um pequeno fogão e comprar alimentos por meio de um catálogo especial. Também poderá passar uma hora diária no pátio da prisão, sempre escoltado por três guardas.
Sarkozy poderá receber duas visitas por semana, incluindo as da esposa, Carla Bruni, e de seus filhos, e manterá contato irrestrito com seus advogados. Também poderá ter até três livros de capa mole por semana.
“Levo comigo os dois volumes de ‘O Conde de Monte Cristo’ e a biografia de Jesus, escrita por Jean-Christian Petitfils”, revelou. (ANSA).