ROMA, 14 DEZ (ANSA) – Uma multidão se reuniu neste sábado (14) em uma praça de Roma para a manifestação mais aguardada do movimento das “sardinhas”, iniciativa apartidária criada para tentar frear a ascensão de Matteo Salvini na Itália.   

Segundo balanço do Ministério do Interior, o ato teve a participação de 35 mil pessoas, número inédito para o grupo de jovens que conseguiu quebrar o monopólio da extrema direita nas ruas. Os organizadores falam em mais de 100 mil presentes.   

“A ideia era encher a praça e mudar um pouco a percepção sobre a política nos últimos anos. Eu diria que o objetivo foi alcançado”, disse o líder das “sardinhas”, Mattia Santori. No início do mês, o grupo já havia reunido 25 mil pessoas em Milão, terra natal e berço político de Salvini.   

A mobilização surgiu em meados de novembro, como um flash mob contra os comícios do ex-ministro do Interior para eleger Lucia Borgonzoni, sua candidata a governadora da Emilia-Romagna, um histórico feudo da esquerda italiana, nas eleições regionais de 26 de janeiro.   

O primeiro protesto, realizado em Bolonha, pretendia atrair “6 mil sardinhas contra Salvini”, mas reuniu 13 mil. Já o segundo, em Modena, teve 7 mil pessoas. Desde então, o movimento se espalhou por regiões de norte a sul do país, lotando praças e ruas com manifestantes “espremidos como sardinhas”.   

Em entrevista à ANSA, Santori disse que os representantes regionais do grupo começam a discutir neste domingo (15) um calendário de mobilizações para 2020. “Vamos trabalhar para definir a melhor maneira de recomeçar em janeiro com uma nova onda de participação”, afirmou.   

O ativista de 32 anos também declarou que “99% das sardinhas” não querem formar um novo partido. Apesar do discurso apartidário, a manifestação em Roma teve um viés abertamente progressista, com a participação de migrantes e grupos antifascismo. O principal slogan do ato foi “Roma não se liga”, em referência ao partido de Salvini.   

“Depois de vários anos, parece que finalmente algo está se movendo. Os 5 Estrelas tentaram, mas tiveram uma postura muito combativa e pouco propositiva. Até parte do PD foi muito de direita”, disse Adriano, que saiu de Florença só para participar do protesto na capital.   

“É importante ter essa reação depois de 18 meses de narrativa de uma Itália de ultradireita”, reforçou a manifestante Beatrice. O populista Movimento 5 Estrelas (M5S) e o centro-esquerdista Partido Democrático (PD) governam a Itália atualmente e têm uma postura simpática em relação às “sardinhas”, mas não enviaram seus líderes ao ato deste sábado.   

“É belo ver tanta gente. Obrigado às Sardinhas pela energia que trouxeram para nossa cidade e por ter feito deste dia uma festa do povo”, escreveu no Twitter a prefeita Virginia Raggi (M5S).   

Simultaneamente ao protesto em Roma, manifestações aconteceram em Paris, na França, e Bruxelas, na Bélgica, reunindo centenas de pessoas.   

O grupo quer a revogação dos decretos de Salvini contra migrantes, ambos mantidos pelo governo PD-M5S, e regras para impedir que políticos estejam permanentemente em campanha eleitoral. (ANSA)