25/02/2022 - 9:30
Companhia das Letras
Preço: R$ 59 (Crédito:Divulgação)
A pesar de se chamar Autobiografia, o novo livro de José Luís Peixoto não é sobre sua própria vida – a não ser no sentido de que todos os escritores compartilham os mesmos desafios de uma existência criativa. Em sua homenagem a José Saramago, cujo centenário de nascimento se comemora nesse ano, o jovem autor optou por uma narrativa original e labiríntica – ironicamente, uma opção estética mais próxima do argentino Jorge Luis Borges que do próprio mestre português. Explicado de forma linear, o enredo conta a história de um homem chamado José que, na Lisboa dos anos 1990, é contratado para escrever a biografia de Saramago. O fato de Peixoto também se chamar “José” cria uma série de complexas camadas narrativas – enquanto narra episódios da vida de Saramago, também inclui suas próprias memórias e reflexões.
Peixoto utiliza outro recurso para situar fatos marcantes da vida do biografado, falecido em 2010: epígrafes tiradas de seus livros. Com isso, situa períodos importantes de sua carreira, mas também contextualiza a vida pessoal do escritor ao lado da esposa, a jornalista espanhola Pilar Del Río. “Todas as obras são ensaios sobre a existência – talvez. Julgo que todos os livros o são, que escrevemos para saber o que significa viver”, anotou Saramago em 1997.
Autobiografia é a homenagem mais original ao centenário de Saramago, mas não é a única. Inspirada em uma crônica, a Companhia das Letras lança Uma Luz Inesperada, livro infantil ilustrado pelo mexicano Armando Fonseca. A editora também relança o título para crianças O Silêncio da Água, com novas ilustrações da espanhola Yolanda Mosquera. Já os autores Miguel Real e Filomena Oliveira preparam sua biografia em formato tradicional, enquanto Ricardo Viel e Alejandro García Schnetzer lançam a fotobiografia Saramago, os Seus Nomes. Edições especiais de O Evangelho Segundo Jesus Cristo e Ensaio Sobre a Cegueira também chegarão às livrarias.
“Escrevemos para saber o que significa viver” José Saramago
Em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa inaugura em maio a Ocupação José Saramago – O Conto da Ilha Desconhecida. A celebração mais divertida, no entanto, ficará a cargo de um brasileiro: o humorista Fábio Porchat estréia em setembro, no canal português RTP, a série Viagem a Portugal, no qual refaz o caminho que Saramago percorreu entre 1979 e 1981 e publicou em livro homônimo. Porchat ficou surpreso com o convite, mas os produtores justificaram que estavam atrás de um “olhar estrangeiro” – o que não deixa de ser curioso, uma vez que Saramago não é apenas português, mas universal.
