O ex-Ministro da Fazenda durante o governo Michel Temer (2016-2018), ex-presidente do Banco Central do Brasil no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e atual secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, foi o convidado da live de ISTOÉ, nesta terça-feira (20).

Meirelles falou sobre o plano 20/21 para a retomada do crescimento econômico do governo paulista, com foco em medidas para sair da crise causada pela Covid-19, atrair investimentos e reativar a economia no estado de São Paulo nos próximos dois anos.

“São Paulo vai dar mais uma vez o exemplo de retomada econômica”. afirma.

No projeto do governo paulista, o plano tem como raiz criar dois milhões de novos postos de trabalho e atrair R$ 36 bilhões de investimentos privados. Coordenado por Meirelles, o plano apresenta 19 projetos e, através de concessões e parcerias público-privadas (PPPs) em todas as regiões do estado, vai envolver linhas de trem, metrô, rodovias, aeroportos, entre outros setores.

“Serão 14 polos de desenvolvimento econômico, com seis eixos de atuação”, detalha o secretário. “Existem muitos interessados. O investidor quer ver fatos e não só frases”, ressalta.

O secretário avalia que na crise sanitária do voronavírus, que assolou o país e o mundo, “o estado de São Paulo caiu menos do que o resto do país e está se recuperando mais rápido”, explicou.

Em 2019, diz ele, a economia do estado de São Paulo cresceu 2,8%, contra pouco menos de 1% do país. Neste ano, o governo paulista prevê queda entre 2% e 2,5% – as estimativas dão conta que o Brasil caia por volta de 5%. Meirelles projeta que para 2021 a economia paulista possa crescer em torno de 5%.

Ainda sobre o plano, a maior parte dos projetos são das áreas de infraestrutura e obras. Cerca de 84% do investimento é destinado a transporte, mobilidade urbana e rodovias, além de outras áreas como segurança, educação e de parques estaduais, como a concessão do Zoológico e do Jardim Botânico, por exemplo.

Entre os destaques do projeto está o trem intercidades, que ligaria a capital paulista a Campinas. O investimento previsto é de US$ 1,4 bilhão, com expectativa de transportar 565 mil passageiros por dia. Também está no planejamento a concessão de 22 aeroportos regionais, o que atrairia US$ 80 milhões em investimentos.

Outro ponto de destaque citado pelo ex-ministro da Fazenda foi a reforma administrativa e a modernização administrativa do estado, aprovada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), com a extinção de cinco estatais e economia de R$ 7 bilhões em recursos públicos.

Com ampla experiência na presidência do Banco Central, Meirelles não deixou de cutucar o governo federal sobre a aprovação das reformas.

“A proposta do governo federal sobre a reforma tributária é completamente controversa. Falta [a equipe de Bolsonaro] capacidade de convencimento e competência de execução para implementar as reformas tão necessárias para o Brasil, como a administrativa e a tributária”, conclui.