Embora seja geralmente associada ao futuro, a tecnologia é uma poderosa ferramenta a favor da preservação histórica. Foi a partir dela que nasceu o mais novo ponto turístico da cidade de São Paulo: a cento e cinquenta metros do chão, o mirante Sampa Sky vai atrair não apenas os amantes da icônica arquitetura do centro da cidade, mas todos que gostam de apreciar uma bela vista — inclusive sob os seus pés. Construída com quatro camadas de vidro e três de polivinil butiral, a estrutura aguenta até trinta toneladas. “Essa experiência tinha que ser no Centro. Nada é tão ‘São Paulo’ como essa região”, diz o idealizador Antonio Caldeira.

“A vista dá a sensação de que estamos flutuando sobre uma selva de pedras” Marcely Ancelme, ex-funcionária do local

A resposta do público surpreendeu os criadores do projeto. Em cinco dias, esgotaram-se todos os ingressos para o primeiro mês de visitação. “Acreditávamos no interesse da população, só não esperávamos que o sucesso fosse tão rápido”, diz o sócio Alessandro Martineli. Inspirado no Skydeck, mirante localizado em Chicago, nos EUA, o Sampa Sky superou o original: suas redes sociais já têm o dobro de seguidores da inspiração americana.

Intrigada e um pouco receosa — afinal, são 150 metros do chão —, a garota Malu Tavares, de oito anos, demorou para dar os primeiros passos sobre a plataforma de vidro. Aos poucos, começou a curtir os pedestres e os veículos passando embaixo dos seus pés, como se fossem brinquedos. Pouco depois já se sentia como um pequeno pássaro sobrevoando a cidade: de braços abertos e deitada sobre o piso. Saiu em êxtase: “Eu estava com medo, mas depois achei tudo muito legal”, disse Malu. Sua mãe, Marcely Ancelme, estava acostumada a subir e descer os andares do edifício Mirante do Vale — ela trabalhou por dez anos no edifício e foi convidada pelos sócios para conhecer o local. Mesmo assim, ficou surpresa com a novidade: “a vista dá a sensação de que estamos flutuando sobre uma selva de pedras”.