O governador do estado de São Paulo, João Doria, anunciou nesta quarta-feira (13) que salões de beleza e academias continuarão fechadas, apesar do presidente Jair Bolsonaro classificá-los como “atividades essenciais” em decreto na última segunda.
“Sobre o decreto presidencial relativo a academias de ginástica e salões de beleza, aqui em São Paulo o governo respeita e ouve o seu secretário da Saúde, o seu comitê da Saúde. Comitê de saúde e secretário indicam que ainda não temos condições sanitárias seguras para autorizar a abertura academias, salões de beleza e barbearias neste momento”, disse Doria em uma coletiva de imprensa.
O governador disse que está preocupado com as consequências que a abertura poderia ter para os trabalhadores nessas áreas. “Nosso maior respeito com esses profissionais é garantir sua vida e sua saúde”, declarou.
O estado de São Paulo, o mais rico e populoso do país, está em quarentena parcial desde o último 24 de março. O epicentro da COVID-19 concentra mais de um quarto dos casos da doença e 42% das mortes causadas pela pandemia no país.
O período estabelecido de quarentena atualmente, vigente até 31 de maio, apenas autoriza a operação de lojas e estabelecimentos classificados como essenciais, como supermercados, hospitais, farmácias e bancos.
Bolsonaro incluiu na última segunda-feira nessa lista cabeleireiros, academias e barbearias. Ao menos dez governadores, especialmente do Norte e Nordeste, anunciaram sua decisão de ignorar a ordem do presidente.
Dimas Covas, coordenador do Comitê de Saúde do Estado de São Paulo, lembrou que a disseminação do coronavírus ocorre através das gotículas e também quando se entra em contato com superfícies contaminadas.
Ele explicou que higienizar as academias é algo “muito complicado”, já que “são ambientes favoráveis à contaminação”.
Ele também lembrou que nos salões de beleza “o contato é muito próximo”.
Justificar a reabertura desses espaços “não tem nenhum respaldo científico”, ressaltou.
Atualmente, o cumprimento das medidas de isolamento em São Paulo é relativo, com uma taxa que varia entre 47% e 59%. As autoridades de saúde afirmam que o ideal seria atingir 70%.
Bolsonaro atacou repetidamente Doria, que ele agora vê como um rival político. O governador, por sua vez, desafiou o presidente, reiterando durante todo o dia que ele seguirá apenas as diretrizes científicas.