São Paulo recorre a empréstimo de R$ 50 milhões para fluxo de caixa em meio à crise financeira

O São Paulo precisou recorrer a um pedido de empréstimo ao Banco Daycoval para aliviar o fluxo de caixa e manter as contas dentro do planejamento para 2025. O ano do clube deve ser de superávit conforme estabelecido pelo Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), que amortiza justamente a dívida financeira são-paulina.

O valor do empréstimo é de cerca de R$ 50 milhões. A informação foi publicada inicialmente pelo ge e confirmada pelo Estadão. O pedido de empréstimo vem depois de uma reunião da diretoria em que foi feita a análise do primeiro semestre e discutido o plano de metas para a segunda metade do ano. O Conselho Deliberativo ainda vai analisar a operação e aprová-la ou não, em reunião no dia 18 de agosto.

A eliminação na Copa do Brasil diante do Athletico-PR, que precedeu o encontro dos diretores, ampliou o prejuízo financeiro do São Paulo na temporada. Antes, o time já havia caído na semifinal do Paulistão. Os dois resultados ficam abaixo das metas orçamentárias e esportivas estabelecidas no orçamento para 2025.

Ir às quartas de final da Copa do Brasil representaria mais R$ 4,7 milhões aos cofres. As eliminações ainda afetam a renda referente à bilheteria. Em 2024, por exemplo, o São Paulo somou R$ 2,8 milhões com a renda líquida do duelo de ida das quartas de final, diante do Atlético-MG.

Para recorrer ao empréstimo, o São Paulo precisou de autorização da Galápagos e da Outfield, gestoras do FIDC. O fundo tem a meta de captação de R$ 240 milhões, para amortizar a dívida do clube com bancos e outras entidades financeiras. A operação não ultrapassaria as diretrizes firmadas com as empresas.

O balanço de 2024 apontava captação de R$ 117,3 milhões até 31 de dezembro. O déficit anual chegou a R$ 287 milhões, enquanto a dívida total ficou em R$ 968,2 milhões, maior cifra já registrada pelo clube.

A gestão são-paulina conseguiu reduzir o valor de débito apresentado no fim das contas por já considerar receitas a receber e que abaterão a dívida. Entretanto, se esses valores forem tirados do cálculo, além dos R$ 117,3 milhões captados junto ao FIDC, o valor passaria a marca de R$ 1 bilhão, batendo R$ 1.012.252.000,00.

No primeiro semestre de 2025, o São Paulo teve déficit de R$ 31,8 milhões, abaixo dos R$ 45 milhões planejados. A meta para o ano é um superávit de R$ 44,8 milhões.

Após a partida contra o Vitória, no fim de semana, pelo Brasileirão, o direto de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, foi sincero sobre as finanças do clube para justificar a venda de atletas. O atacante Lucas Ferreira está com acerto encaminhado junto ao Shaktar Donestk, da Ucrânia.

“Vamos seguir em busca de jogadores dentro das nossas possibilidades. Mas a gente só tem um jeito de conseguir ter superávit no final do ano, que é vendendo ativos. Não tem outro caminho que não seja a venda de ativos. Quanto a valores, é lei de mercado. Você tem que receber propostas e, a partir delas, analisar se vale a pena ou não fazer a venda”, comentou Belmonte.

A menção a valores acontece porque a proposta é menor do que outras vendas do próprio São Paulo nos últimos anos. Os ucranianos ofereceram 10 milhões de euros (R$ 63,29 milhões). O clube são-paulino ficaria com 80% do negócio. Os outros 20% dos direitos econômicos do jogador pertencem ao Boavista. O São Paulo ainda deve manter 10% de uma futura venda do atacante.

“É um ano que a gente tinha que apertar muito o cinto. Basta vocês observarem, o São Paulo é o único time da primeira divisão que não fez nenhuma transferência, que não contratou nenhum jogador por transferência”, disse Belmonte, que também enfatizou que novos reforços devem chegar apenas por empréstimo (assim como Enzo Díaz, Juan Dinenno e Gonzalo Tapia).

Em relação a outras vendas de atletas da base do São Paulo, em anos anteriores, os valores pagos por William Gomes (R$ 55 milhões), Matheus Alves (R$ 33 milhões) e oferecido por Lucas Ferreira (R$ 63,2 milhões) são inferiores até mesmo sem correção monetária. Também é negociado um empréstimo de Henrique Carmo ao PSV, da Holanda.

Antony, em 2020, foi negociado com o Ajax, da Holanda, por R$ 74 milhões. Dois anos depois, Gabriel Sara foi para o Norwich, da Inglaterra, por cerca de R$ 72 milhões. Já a saída de Beraldo, ao Paris Saint-Germain, em 2024, rendeu R$ 63 milhões.

A temporada são-paulina começou já com vendas para enxugar o elenco. A principal, até então, foi a de William Gomes, rumo ao Porto, por nove milhões de euros (R$ 55 milhões, na época), por 80% dos direitos econômicos. As saídas de Wellington Rato e Michel Araújo e os empréstimos de Rodrigo Nestor e Erick renderam R$ 40,4 milhões na primeira janela do ano.

“Nós reduzimos a folha no primeiro semestre do dia 31 de dezembro de 2024 para 30 de junho de 2025, em R$ 8 milhões. Mais de R$ 1 milhão por mês de redução de folha. Já praticamente cumprimos a meta de vendas prevista no orçamento”, reiterou Belmonte.

Para este ano, o São Paulo prevê chegar às quartas de final da Libertadores. O clube inicia as oitavas de final nesta terça-feira, contra o Atlético Nacional, em Medellín, na Colômbia. No Brasileirão, a meta é terminar da sexta posição para cima. Por enquanto, os são-paulinos estão no sétimo lugar.