1 – ‘São Paulo Não é Sopa’

“Se pensarmos o álbum como trilha sonora, esse seria o tema principal. Buscamos o clima das introduções de blaxploitation. Trata de violência policial, que, no nosso ponto de vista, é o fator mais representativo no que se refere à beirada quente da cidade.”

2 – ‘Mano e Mona’

“Fala das madrugadas no centro e das diversas relações que ali se estabelecem. Convidamos Raquel e Assucena das Bahias e a Cozinha Mineira para cantar.”

3 – ‘No Fluxo’

“Dedicada aos movimentos de música e dança, e à sua indústria. Viva a juventude periférica. Viva o Funk.”

4 – ‘Gentrificação’

“Trata da especulação imobiliária e da ‘força da grana que ergue e destrói coisas belas’. A tendência do capital é expulsar muitas famílias fundadoras de alguns dos bairros centrais da cidade que estão se tornando cada vez mais elitizados. Bela Vista e Barra Funda são exemplos.”

5 – ‘Agogô de 5 Bocas’

“Nasceu de uma história real. Meu irmão de santo, o percussionista e cantor Rudah Filipe, pediu-me para buscar um agogô de 5 bocas, cada pessoa me mandou para outro lugar. No final, ninguém me entregou nada. E o hábitat é a Brasilândia. Fiz esta letra com todo carinho.”

6 – ‘Saracura’

“Fiz a letra quando morava na Bela Vista e estava muito próximo à Vai-Vai. A letra cita o Amado Maita e eu convidei a filha dele, Luísa, para compor comigo. Cantamos juntos esse ‘sambolero’.”

7 – ‘Liga Nas de Cem’

“Trata do abismo social de São Paulo. O ‘xis do problema’. Ao lado de ‘São Paulo Não É Sopa’, é uma música com temas gerais que falam da cidade como um todo. O verso: ‘se eu citar os guetos, não sobra nem o centro’ é emblemático e crucial.”

8 – ‘Peripatéticos’

“É uma homenagem a quem frequenta a cidade, principalmente caminhando. É uma dica de como vieram a maioria das ideias que estão colocadas ali. Vieram nestes cruzamentos e cruzadas. Peripatéticos eram os seguidores de Aristóteles, que filosofavam caminhando.”

9 ‘Extremo Sul’

“Dedicada à periferia da zona sul de São Paulo – da Ponte João Dias até o final das represas. O convidado desta faixa foi Salloma Salomão, grande artista inspirador pra nós e que mora nos extremos da zona sul desde que chegou em SP há uns 30 anos. Axé.”

10 ‘Teu Mar Arde Meus Olhos’

“A poesia recitada é natural na nossa expressão desde o começo do Aláfia, quando as reuniões de quartas-feiras eram um pretexto para acabarmos o dia na Cooperifa recitando nossos versos. A tradição da literatura periférica e esse movimento sempre esteve presente em tudo que propusemos. Neste disco, havia convidado Allan da Rosa para falar da sua região, mas este poema caía tão bem para encerrar o disco. Estamos falando desta São Paulo onde os táxis não vão.”

11 – ‘O Primeiro Barulho’

“Uma ode ao rap nacional. Um dos nossos maiores educadores. Celebramos os momentos em que o culto aos orixás foi celebrado em sua lírica. Os convidados são os parceiros da Discopédia.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.