O secretário de Saúde do município de São Paulo, Edson Aparecido, participou de live da IstoÉ, na sexta-feira, 15. Na conversa com o diretor de redação da revista, Germano Oliveira, ele falou sobre o combate à pandemia do coronavírus, a alta nos números de infectados na cidade nos últimos dias e detalhou o plano de vacinação da população do município.

O secretário afirmou que a prefeitura está preparada com insumos, mão-de-obra e infraestrutura para dar início à imunização dos paulistanos, assim que a Anvisa autorizar. “Temos capacidade de vacinar 600 mil pessoas por dia na cidade. Porém a imunização dependerá da quantidade de vacinas que vamos receber do Ministério da Saúde e do governo estadual”, avalia.

Aparecido disse que 7,5 milhões de paulistanos dependem exclusivamente do sistema público de saúde na capital paulista e que a ocupação dos leitos de UTI na cidade hoje está em 63%. Em alguns hospitais públicos, afirma ele, esse número vai de 72% a 100%. Ele diz também que a crescente onda de infectados dos últimos dias preocupa a administração municipal, já que começa a haver uma pressão maior por internações.

Para ele, a elevação de novos casos é resultante, sobretudo, do comércio e das festas de Natal e Ano Novo. Numa palavra: aglomeração. “Ainda temos uma margem de 40% dos leitos, mas devemos ter nos próximos 20 dias uma pressão muito forte no sistema de saúde”, alerta.

No bate-papo, ele fala que os responsáveis diretos pela alta nos números de contágios são os jovens, por causa da frequência em baladas, praias e bares e que eles acabam contaminando os pais, avós… enfim, outros familiares. “O que mais impactou a transmissão da doença agora foi o relaxamento com o isolamento social, em especial dos jovens”, diz.

Respaldado por números de inquéritos sorológicos, o secretário revela que sete em cada dez óbitos por Covid são de idosos; a maioria dos infectados tem de 19 a 34 anos e que os negros e pobres somam a maioria dos contágios.  “Cerca de 14% da população da cidade já teve contato com o vírus, este número deve aumentar bastante até o final do mês, por causa das festas de final de ano”, alerta ele.

O titular da secretaria de Saúde afirma que a cidade está preparada para a vacinação. Ele diz que o transporte logístico das doses já está definido e que a capital terá 27 mil pessoas capacitadas para trabalhar na campanha de imunização, sendo 15 mil profissionais da saúde e outros 12 mil auxiliares.

A prefeitura contabiliza mil postos fixos de vacinação (unidades de saúde) e outras duas mil unidades parceiras. Aparecido calcula que na primeira fase da vacinação serão imunizadas cerca de 2,7 milhões de pessoas – profissionais de saúde, idosos e a população indígena – até o final de março (já que são duas doses por pessoa). “A cidade de São Paulo levará cerca de um ano para vacinar toda a população”, avalia.

Na live, ele lamentou a situação da população da cidade Manaus, fez críticas ao presidente Bolsonaro, por causa do negacionismo da doença, e analisou a postura do governo federal sobre a compra das vacinas, ainda que tardiamente. “Já é um passo, o presidente da república comprar as vacinas. Os governantes que negaram a doença não se deram bem”, cutuca.

O secretário de Saúde também falou sobre o retorno das aulas presenciais na cidade. “A Vigilância Sanitária do município recomenda o retorno seletivo para toda a rede de ensino no município, privada e pública, a partir de 1º de fevereiro, com a capacidade de 35% desses equipamentos a serem ocupados. Na rede municipal, o retorno dos alunos será feito no dia 15 de fevereiro. Entretanto, as escolas particulares têm autorização para iniciar antes, se assim desejarem”, disse o secretário.