Mesmo com 2 milhões de pessoas atrasadas na imunização, sem ter tomado a segunda dose de vacina contra a covid-19, o governo do estado de São Paulo já pensa na aplicação de uma quarta dose, como vem sendo cogitado em países como Chile e Israel. Em entrevista coletiva hoje (9), o governador de São Paulo, João Doria, não deu previsão de quando a quarta dose será aplicada, mas informou que isso já está sendo discutido pelo Centro de Contingenciamento do Coronavírus.

“São Paulo avalia concretamente esta quarta dose, mas fará isso no momento certo e dentro de uma cronologia e de faixas etárias adequadas”, disse.

Segundo Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde, o governo paulista ainda não definiu se toda a população do estado vai receber a quarta dose, nem quando ela começará a ser aplicada. Mas há um entendimento dentro do governo de que haverá necessidade de aplicação da vacina contra a covid-19 todos os anos, assim como já é feito na campanha de vacinação contra a gripe Influenza.

Desde dezembro, o estado vem aplicando a quarta dose em pacientes transplantados, renais crônicos ou em tratamento quimioterápico. “Para as outras faixas etárias, acima dos 18 anos, estaremos discutindo o assunto em uma reunião do programa estadual de imunização”, afirmou. “Entendemos que o governo de São Paulo sempre teve um posicionamento sobre a necessidade de uma dose adicional e que ela deverá acontecer de forma anual, assim como ocorre com outros vírus respiratórios, como o da Influenza”, acrescentou Gorinchteyn.

Até o momento, da população do estado 80% já tomaram duas doses de vacina contra a covid-19. Das pessoas que ainda não tomaram a segunda dose, metade é de pessoas entre 12 e 29 anos de idade. Já a terceira dose foi aplicada em cerca de um terço da população do estado. 

Especialistas têm alertado que é importante que a população complete seu esquema vacinal e tome, inclusive, a terceira dose de imunizante para evitar desenvolver a forma grave da doença, principalmente com a predominância da Ômicron no estado.

Internações

Nesta semana, as internações por covid-19 começaram a cair no estado de São Paulo, após atingirem um pico no dia 29 de janeiro. Apesar disso, o número de hospitalizados ainda é alto: há 3.672 pessoas internadas em estado grave no estado, além de 6.125 internadas em enfermarias. A taxa de internação em unidades de terapia intensiva (UTI) no estado está hoje em 70%.

Segundo Gorinchteyn, essa foi a primeira vez, nos últimos dias, que o estado apresentou menos de dez mil pessoas internadas em hospitais, somando UTIs e enfermarias. “São oito dias consecutivos de queda em internações em enfermarias e isso corresponde a 18% de recuo de internações. São 1.560 pacientes a menos internados em enfermarias. E há seis dias temos queda nas internações em unidades de terapia intensiva. São 11% de queda, com 420 pacientes a menos sendo internados em UTIs”, explicou, destacando que, no pico dessa terceira onda de covid-19, estabelecido no dia 29 de janeiro, eram 11.541 internados.

“Não posso afirmar que estamos no começo do fim [da pandemia], porque durante estes mais de dois anos de pandemia, sempre que tivemos situação de melhora ou controle, tivemos surpresas. Vamos colocar que atingimos, sim, o pico da onda da Ômicron, que foi no final de janeiro, início de fevereiro, em termos de internações. Embora estejamos vendo ainda um aumento de casos, isso é consequência também do atraso que existe no sistema de notificação. Devemos ter atingido o pico de casos, já que as internações são consequência da alta transmissão”, disse Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo.

Para o governo de São Paulo, a queda nas internações é resultado da vacinação. “A vacinação é a grande responsável – ao longo da pandemia – pela redução de casos graves e de óbitos por covid-19. São Paulo tem bons números, mas queremos ampliar e proteger toda a população. É fundamental que, neste momento, os pais e responsáveis levem seus filhos aos postos de vacinação para receber a primeira dose, pois todos os imunizantes aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) são seguros e eficazes”, disse Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização.