Finalista da Copa Libertadores em 2002 e campeão do Paulistão em 2004, o São Caetano está próximo de completar 31 anos de história e ainda soma um vice da João Havelange em 2000. No entanto, o atual momento do azulão pode ser considerado o mais delicado do time do ABC paulista.

Apesar de ter conquistado a série A2 do Campeonato Paulista neste ano, os jogadores do time não recebem salários há seis meses. Com isso, os atletas entraram em greve e o clube perdeu o seu último jogo pela Série D do Brasileirão por W.O. para o Marcílio Dias.

“Sou a favor dos jogadores fazerem greve. Eles são profissionais, ninguém pode ficar meses sem receber salários. O São Caetano encontra-se nessa situação há 11 meses, desde que o grupo de investidores passou a mandar no clube. Pediram para me afastar, me afastei da presidência e aconteceu isso”, conta Nairo Ferreira ao GE, há 30 anos como dirigente no clube dos quais 25 como presidente.

“Estamos devendo para jogadores, funcionários, fornecedores, imobiliárias e bancos. Acabaram com o dinheiro, até com a nossa base acabaram. Levaram 14 jogadores que eram do São Caetano para a Ferroviária. Espero que amanhã não seja eles chorando”, contou Nairo ao GE.

O dirigente, o qual voltou ao comando do clube há um mês, detalhou a situação do clube. De acordo com ele, o São Caetano tem 42 processos trabalhistas que totalizam cerca de R$ 7 milhões. O azulão possui 56 jogadores sob contrato e uma folha mensal de aproximadamente R$ 700 mil.

“O São Caetano hoje não tem roupa para jogar, não tem água para beber no vestiário. A situação é essa, não posso ficar fazendo média aqui. Meu fisioterapeuta veio me dizer que não recebe há sete meses, o porteiro me pediu dinheiro para poder vir trabalhar porque não recebe há meses e não tem dinheiro nem para a condução”, detalha.

Com uma campanha de oito derrotas, três empates e uma vitória, o azulão é o último colocado do grupo 8 da Série D do Brasileirão.

“O São Caetano joga no sábado. Fizemos uma reunião e acertamos que vamos encerrar o campeonato, peço a Deus que acabe logo. Precisamos repensar o que será feito, reformular o elenco e tentar investidores para que possamos montar um time que possa se manter no Paulistão. Vamos ter que dar dez passos para trás, aceitem isso ou não”, lamentou.

Para piorar, as contas do clube paulista estão bloqueadas, o que impede o uso das finanças para resolver os problemas financeiros.

“Queremos disputar o Paulistão, mas precisamos resolver as pendências financeiras. A receita do São Caetano hoje é zero, não temos nada. Mas alguma coisa iremos disputar, nem que seja campeonato sub-20. Precisam respeitar o São Caetano, vamos dar passos para trás e voltaremos mais fortes”, completa.

Quem é o investidor?

A crítica de Nairo é direcionada ao bilionário Saul Klein, herdeiro da rede de lojas Casas Bahia. A rede de varejo é uma antiga parceira do clube e comandava as ações no São Caetano desde o final do último ano.

De acordo com apuração do GE, uma das condições para o empresário assumir o comando do clube seria o afastamento de Nairo da diretoria.

Procurado, Lein optou por não comentar as críticas de Nairo a sua gestão.

Saul Klein, atual investidor da Ferroviária (Reprodução EPTV) (Crédito:Reprodução/ EPTV)