A diretora-executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que “são bem vindas as políticas fiscal e monetária que estão sendo adotadas no Brasil, pois viabilizam ajustes macroeconômicos que vão colaborar para a recuperação do PIB. “O Brasil está saindo de uma grande contração em 2016 e deve registrar recuperação na economia em 2017”, comentou.

Para Lagarde, as ações da Justiça para investigar casos suspeitos de esquemas de suborno envolvendo órgãos públicos, empresas estatais e companhias privadas, como as que estão em curso pela Operação Lava Jato, sinalizam um favorável avanço institucional do Brasil.

“O combate à corrupção é muito importante para a evolução do crescimento potencial do País” , disse a diretora-executiva do FMI.

Atividade mundial

O nível de atividade mundial está ganhando força, mas esse avanço depende de medidas dos governos para manter a recuperação, elevar a produtividade e fortalecer a resistência, aponta a Agenda de Políticas de Lagarde, cujo título é “Uma economia global mais inclusiva e resiliente.”

“Um arcabouço cooperativo multilateral para integração financeira e comercial tem colaborado bem com países, produzindo grandes benefícios econômicos”, aponta o documento. “No entanto, alguns grupos não conseguiram ter acesso aos benefícios, uma tendência decorrente de uma recuperação muito lenta da crise, que limitou todos os segmentos da sociedade para ter aumento de renda.”

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De acordo com a agenda de políticas da diretora-executiva do FMI, num contexto de cooperação internacional “os países devem esforçar-se para gerar um crescimento mais balanceado e criar mais oportunidades para todos”. Assim, as nações devem adotar medias internas para se antecipar a eventuais efeitos negativos do progresso tecnológico. “O Fundo ajudará seus membros com conselhos de medidas cuidadosamente elaboradas, fazendo empréstimos para ajustes suaves e desenvolvimento de capacidades.”

Segundo o documento, está ficando mais firme a perspectiva para economias avançadas no curto prazo. Um grupo destes países está perto do pleno emprego, mas uma outra parte apresenta um ritmo de crescimento abaixo do potencial. No caso dos mercados emergentes em geral, ocorre um aumento da velocidade do nível de atividade, devido a medidas adotadas pelos governos, aumento da concessão de crédito e recente recuperação dos preços de commodities.

O cenário mais favorável para o progresso global também está baseado em medidas macroeconômicas, redução de vulnerabilidades dos maiores países e “um fluxo comercial e financeiro sem rupturas”. Contudo, esta perspectiva “está sujeita a riscos surgidos de incertezas políticas e condições financeiras mais apertadas, que poderiam gerar saída de capitais de mercados emergentes”.

A agenda de políticas da diretora-executiva do FMI faz uma defesa da integração comercial, financeira e tecnológica pelo mundo, pois tiraram centenas de milhões de pessoas da pobreza com o maior acesso a mercadorias e serviços, transferência de conhecimento e propiciou novas oportunidades de ampliação da formação bruta de capital fixo. “Enquanto as prioridades dos países devem refletir suas circunstâncias, eles devem ter como objetivo reforçar investimentos em inovação e recursos humanos, promover competição e acesso aos mercados e elevar o nível de emprego.” Reformas estruturais podem ajudar nações que precisam de usar recursos públicos para estimular a demanda e dar apoio ao crescimento no médio e longo prazos.

O documento aponta que autoridades de governos precisam criar condições para ajustes no atual processo de integração e progresso tecnológico para combater seus custos a certos segmentos da população, especialmente em relação a problemas gerados no mercado de trabalho. Por outro lado, a agenda de políticas destaca que “a história mostra que protecionismo e medidas voltadas para dentro não são a resposta correta”. Mesmo que a integração seja revertida, mudanças geradas pela tecnologia vão persistir, continuando a impactar empregos. “Num mundo altamente interconectado, abandonar a abertura e multilateralismo por protecionismo poderá reverter os conhecidos ganhos da integração, prejudicando consumidores e produtores e ainda pode ameaçar a prosperidade e a estabilidade. Todos poderiam perder.”

Sustentação

A diretora-executiva do Fundo Monetário Internacional afirmou que é preciso sustentar o crescimento global, sobretudo com políticas fiscal e monetária, respeitando as características de cada país. “É necessário revigorar a produtividade pelo mundo, com inovação e comércio”, apontou.

Sobre a relação do FMI com o novo governo dos Estados Unidos, Lagarde mostrou-se otimista. “Acredito que vamos manter progresso e trabalhar junto com os EUA. O FMI não é uma organização de comércio, mas estamos preocupados com o tema, pois é pilar de expansão da economia global”

Para Lagarde, é positivo o processo de transição de modelo econômico na China, pois aumenta a participação dos serviços no Produto Interno Bruto (PIB) do país, que apresenta bom ritmo de expansão.

Comércio ampliado

Lagarde afirmou que há satisfação de que “o comércio global está avançando”. “Há espaço para o comércio mundial avançar? Sim há”, avaliou. “Eu fui Secretária de Comércio da França. Leio atentamente os relatórios da Organização Mundial de Comércio, que apontam aumento do número de casos que não respeitam tais regras internacionais”, apontou.


Na avaliação de Christine Lagarde, é “preciso apoiar o livre comércio”, pois é um dos elementos que ajudam na expansão da economia global, inclusive porque colabora para o aumento da eficiência de produção nos países. “E sem a elevação da produtividade, o potencial de crescimento mundial continuará medíocre.”


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