O governo da Turquia decidiu manter sob sua custódia um bebê gorila africano resgatado do tráfico ilegal, uma medida que “não tem nenhuma lógica”, segundo a diretora de um santuário de fauna silvestre nigeriano que se preparava para acolhê-lo antes de reintroduzi-lo em seu habitat.
O primata tinha cinco meses quando foi encontrado, no fim de dezembro passado, no compartimento de carga de um avião que viajava da Nigéria para a Tailândia. Ancara planejava enviá-lo de volta ao país africano, que o reivindicava.
Mas, na sexta-feira, a Direção de Proteção da Natureza e Parques Nacionais da Turquia, responsável por decidir seu destino, informou que análises genéticas revelaram que Zeytin pertence a uma espécie não nativa da Nigéria.
Por isso, as autoridades turcas decidiram que Zeytin permanecerá em um zoológico no país e não será enviado à Nigéria.
A Fundação Pandrillus, da Nigéria, se preparava para recebê-lo junto com outro jovem gorila da mesma subespécie antes de enviá-los a um santuário em seu habitat natural na África Central.
“Estamos muito decepcionados. O que o governo turco está fazendo não tem nenhuma lógica”, declarou à AFP a diretora da Fundação Pandrillus, Liza Gadsby.
“E se a Turquia não quer enviá-lo à Nigéria, mas diretamente a um santuário de gorilas, tudo bem. Mas é preciso fazer o que for necessário por esse animal”, acrescentou.
Quando a AFP visitou Zeytin em meados de setembro no zoológico turco onde está alojado em um espaço aberto, ele pesava 16 quilos e media 80 centímetros.
Segundo a organização britânica Traffic, especializada na proteção da fauna selvagem, o comércio de filhotes de grandes primatas está em expansão.
Cada vez mais compradores procuram transformá-los em animais de estimação ou utilizá-los em zoológicos, circos, espetáculos ou nas redes sociais.
Os bebês gorilas são particularmente cobiçados “por serem muito dóceis e fáceis de transportar”, destacou a Traffic.