Após colocar na rua o Free, modelo de atendimento digital com conta e cartão de crédito gratuitos, o Santander Brasil relança nesta semana o Select, segmento do banco para clientes com renda mensal a partir de R$ 15.000 ou investimentos a partir de R$ 100.000. A campanha vem após uma reformulação do Select, e junto com ela, o banco vai ampliar a base de clientes para os quais permitirá investimentos no exterior.

Em 2022, o Santander elegeu o Select como um dos pilares da estratégia de aumentar a fidelidade da base de clientes, neste caso com foco na alta renda e em clientes investidores com maior patrimônio. Desde então, reformulou as agências do segmento, com a abertura de novos endereços, mudou a oferta de produtos e contratou 1.600 especialistas em investimentos para o chamado AAA.

“Fizemos um plano bem importante de reformulação da oferta, e lá para cá avançamos muito”, diz ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o diretor de Pessoa Física do banco, Geraldo Rodrigues Neto. Em março, data dos dados mais recentes, o Select tinha 1,4 milhão de clientes, um crescimento de 71% em um ano, e a carteira de crédito chegava a R$ 67,8 bilhões, ou 27% da carteira do banco para pessoas físicas no varejo.

Os bancos classificam os clientes de acordo com a renda e o patrimônio porque estas linhas de corte ajudam a determinar as necessidades de cada um. Há os segmentos de menor renda, que são os de maior quantidade de clientes; os de média renda, o que no Santander é o Van Gogh, herdado do Real; e o os de alta renda. Acima deles estão os clientes do private, que em geral são os que possuem mais de R$ 5 milhões para investir.

No ano passado, o Itaú Unibanco repaginou a marca tanto do Personnalité, de alta renda, quanto do Uniclass, de média renda, de olho em uma maior fidelidade dos clientes destas duas pontas. Tanto no Itaú quanto no Santander, manter esse cliente em casa é fundamental porque além de apresentar menor risco de crédito, ele tem renda disponível para consumir produtos de investimento, muitos dos quais geram depósitos que os bancos podem usar para conceder crédito.

Base maior

Neste último quesito, o banco abre a partir desta semana a plataforma de investimentos no exterior para clientes do Select, com US$ 100.000 ou mais para investir, como antecipou o Broadcast em abril. Até então, o serviço estava restrito ao private, com uma linha de corte cinco vezes maior.

A oferta será mais enxuta. Os clientes poderão investir em sete fundos do Santander, com alternativas em renda fixa, variável e multimercados, e que atenderão perfis dos conservadores aos arrojados. A tributação será feita apenas no resgate dos recursos, sem come-cotas, e com isenção do imposto de sucessão dos Estados Unidos. Os clientes serão atendidos via banco de investimento do Santander em Miami.

“Cada vez mais vemos as plataformas com uma quantidade enorme de produtos, às vezes milhares, que mais confundem o cliente do que ajudam. Procuramos fazer uma oferta simplificada, inclusive no contexto da nova tributação de investimento no exterior”, afirma o diretor de Investimentos do Santander, Alessandro Chagas.

De acordo com ele, o objetivo do cliente do Select ao investir lá fora é similar ao do private: diversificar a carteira tanto em moedas quanto em tipos de investimento. Além das aplicações, o cliente terá conta com custo zero na abertura e na manutenção e cartão de crédito American Express.

Rodrigues Neto diz que a expansão dos investimentos “offshore” é parte do esforço do Santander de aproveitar o caráter global do Grupo para reforçar a oferta no País. Em dezembro do ano passado, o banco deu outro passo ao lançar a Select Global, conta internacional que apesar do nome, está disponível para todos os clientes.

“Alcançamos em seis meses o que projetávamos para um ano”, afirma ele sobre a conta global. O Santander não abre expectativas de número de clientes com investimentos lá fora. Embora ainda não esteja no radar, o banco não descarta ampliar ainda mais o público no futuro.