São Paulo, 16 – O atual patamar da taxa de juros no Brasil, de 14,25% ao ano, impede que haja incentivo técnico maior dos bancos para cadeias como o setor de agronegócios, de acordo com o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial. Além de juros menores, o desenvolvimento do setor, conforme ele, passa pela redução também da inflação e ainda pela desregulamentação do sistema financeiro, tanto do lado da poupança como dos depósitos compulsórios. “Vamos pagar a diferença do custo de capital (com outros mercados) nos próximos dois anos. Temos de, rapidamente, desregulamentar o sistema financeiro para termos custos mais competitivos para a alavancagem do setor de agronegócios”, afirmou Rial durante palestra, em evento da BM&FBovespa sobre o agronegócio. Segundo ele, é preciso “alavancar o setor de agronegócios como vemos no mundo desenvolvido com o qual competimos”. “Não há outra forma”, acrescentou. O presidente do Santander criticou o fato de a poupança ser “tabelada” no Brasil e ainda o “aspecto compulsório” na alocação de passivos dos bancos em termos do crédito rural. Fez críticas ainda à baixa presença das instituições financeiras no financiamento do setor de agronegócios. Rial lembrou que a atuação do Banco do Brasil no setor de agronegócios é importante, assim como a dos concorrentes. Mas, ainda assim, o nível de alavancagem do setor privado é “muito baixo” diante do potencial do segmento de agronegócios. “Os bancos não aportam muito valor. Só existem vendedores de insumo e contratos de venda futuro que as empresas fazem e descontam e transacionam com grandes tradings. Os bancos são ausentes estruturalmente em um setor que é tão importante”, avaliou Rial. De acordo com Rial, o Santander Brasil quer ampliar sua participação no setor de agronegócios brasileiro. “Mais de 20% do nosso resultado global vem do Brasil. A Espanha representa 16%. O Brasil é o futuro, juntamente com o México”, disse ele. O presidente do Santander Brasil afirmou que a instituição nos últimos dez anos teve de arcar com o custo da integração de mais de 50 bancos que adquiriu no País de forma direta e indireta. Mas admitiu que “falta presença” para a instituição no centro-oeste e também no Oeste e Sul da Bahia, bem como no Sul do Maranhão, regiões nas quais o banco quer estar “estrategicamente” no segmento do agronegócio. “A agência tradicional que conhecemos não existirá no futuro. Temos um (projeto) piloto de espaços de agro muito mais digitais, com menos gente, mas mais técnica”, afirmou Rial.