A alta das taxas de juros levou o gigante espanhol Santander, e os seus concorrentes, a registrar lucros recordes, reabrindo o debate sobre o polêmico imposto excepcional que o governo de esquerda impôs aos bancos.

Na última terça-feira, o Santander anunciou que obteve em 2023 os maiores lucros de sua história: 11,8 bilhões de euros (quase 12 bilhões de dólares ou 63,5 bilhões de reais).

O resultado, obtido graças ao dinamismo do último trimestre (2,93 bilhões de euros de lucro líquido, cerca de 3,18 bilhões de dólares ou 15,7 bilhões de reais), é 15% superior ao de 2022 (9,6 bilhões de euros, cerca de 10,44 bilhões de dólares ou 51,6 bilhões de reais), que já havia sido o mais elevado de um grupo bancário na história.

São lucros superiores aos 10,61 bilhões de euros (57 bilhões de reais) previstos pelos analistas consultados pela companhia de dados financeiros Factset.

“2023 foi um ano importante para o Santander”, destacou a presidente da entidade, Ana Patricia Botín, assegurando, em uma coletiva de imprensa em Madri, que o banco havia alcançado “todos os objetivos”. “Estou convencida de que 2024 será ainda melhor”, acrescentou.

Além das altas taxas de juros impostas pelo Banco Central Europeu (BCE), o Santander atribuiu seus bons resultados ao dinamismo da atividade em seus principais mercados, principalmente na Europa.

Também citou os quase cinco milhões de novos clientes. O grupo, muito presente na Europa e América Latina, conta com 165 milhões de clientes em todo o mundo.

Graças a esse dinamismo, o resultado bancário líquido do grupo espanhol – equivalente a seu volume de negócio – alcançou os 43,26 bilhões de euros (cerca de 47 bilhões de dólares ou 232,6 bilhões de reais), 12% maior do que em 2022.

Esse bom comportamento permitiu ao principal banco espanhol aumentar o nível de seus depósitos (+4%) e compensar o impacto da desvalorização de 54% do peso argentino anunciada em meados de dezembro pelo novo presidente do país, Javier Milei.

Também compensou a diminuição da rentabilidade da América do Norte (queda de 20% nos lucros) e e do Brasil (-25%), vinculado, segundo o Santander, aos efeitos da inflação e a suprimentos mais caros.

Os resultados do Santander ilustram a solidez do setor bancário espanhol, que bateu um recorde atrás do outro nos últimos dois anos, em um contexto econômico pujante na Espanha, com um crescimento de 2,5% no ano passado.

Isso permitiu ao setor compensar o impacto do imposto excepcional aos grandes grupos bancários introduzidos na Espanha há um ano pelo governo do socialista Pedro Sánchez, para financiar medidas em face à crise do custo de vida.

O imposto, pago por diversos bancos, deve permitir ao Estado espanhol arrecadar cerca de 3 bilhões de euros (16,1 bilhões de reais) entre 2023 e 2024. Isso levou o Santander a fornecer quase 230 milhões de euros (1,2 bilhões de reais) para seu exercício de 2023.

Inicialmente, o imposto era temporário e ia ser eliminado no final de 2024, mas socialistas de Pedro Sánchez e seus parceiros de coalizão, a extrema esquerda do Sumar, acordaram torná-lo fixo. Há uma discussão no Ministério da Economia para que ele seja eliminado quando as taxas de juros voltarem a baixar.

No entanto, a associação de consumidores Facua mostrou-se pouco compreensiva com os bancos. “Seguimos batendo recorde de lucros com os bancos. O Santander se situa em primeiro no ranking da sem-vergonhice e da indecência”, assegurou a Facua na rede social X, perguntando aos usuários: “Está pagando menos pelas suas hipotecas?”.

vab/dlm/al/jvb/dd/aa

BANCO SANTANDER