Santa Catarina se destaca no futsal feminino no JUBs com investimento de base

Santa Catarina se destaca no futsal feminino no JUBs com investimento de base

Imagine um time de futsal com três campeãs mundiais universitárias e duas campeãs mundiais da seleção principal. Agora, inclua que este time é treinado pelo técnico da atual seleção universitária campeã mundial. Para terminar, lembre que ele ganhou os dois últimos títulos do futsal feminino dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) e busca o tricampeonato consecutivo. Essa é a equipe da Unochapecó, que colhe os frutos de investimentos na base feitos no futsal feminino em Santa Catarina há mais de dez anos.

Auxiliar técnico do futsal feminino da Unochapecó e diretor de futebol da seleção universitária brasileira, João Coelho conta que o estado têm clubes de referência procurados por atletas de outros lugares do país e que as escolinhas para jogadoras catarinenses recebem alunas a partir dos 9 anos.

“Temos clubes de referência no adulto e clubes que trabalham só as bases, como em Lages, Balneário Camboriú e Itajaí. Meninas de outros lugares do Brasil, quando se destacam com 14, 16 anos, procuram os clubes. Nem são eles que procuram as atletas.”

A busca de famílias e treinadores para inserir suas meninas no futsal catarinense conta com o suporte de alguns clubes que oferecem moradia e a expectativa de vaga nas universidades por meio de bolsas para atletas. “Começamos a trabalhar em 2004, mas o futsal começou a evoluir mesmo, taticamente, a partir de 2006”, lembra Coelho.

Jogadora da Unochapecó comemora classificação para a semifinal do JUBs no futsal feminino

Jogadora da Unochapecó comemora classificação para a semifinal do JUBs no futsal femininoMarcello Zambrana/Fotojump/CBDU

O futsal feminino brasileiro conquistou os últimos títulos mundiais com as seleções universitária e principal, e 10 das 14 atletas que formavam a seleção vinham dos clubes de Santa Catarina, segundo Coelho. Eleita duas vezes a melhor jogadora de futsal do mundo, Amanda Chrisostomo, a Amandinha, também joga o estado.

O técnico da Unochapecó, Eder Popiolski, destaca que as parcerias entre clubes de base e universidades abastece o futsal do estado. Como exige que as atletas tenham até 24 anos, o esporte universitário requer constante renovação “Não é de hoje. Nos últimos dez anos, Santa Catarina tem dominado o cenário nacional. A integração com a universidade permitiu que essas atletas representem um estado que é uma referência nacional no futsal.”

Da quadra para o campo

O crescimento do futebol feminino de campo, segundo Popiolski, tem funcionado como um ímã para atrair as atletas do futsal, o que pode quebrar a corrente de renovação construída nos últimos anos. “Hoje, nossa equipe sub-17 já atua no futebol”, conta.

Patrocínios mais promissores e competições nacionais e internacionais mais organizadas são os principais fatores que levam as atletas a trocar a quadra pelo campo. “Diante dessa dificuldade, tem meninas que estão hoje optando pelo futebol de campo, e a previsão é que tenhamos dificuldade de renovação em função da realidade atual”, analisa o treinador.

Luísa Borges, 24 anos, é capitã da equipe de futsal da Unochapecó e estava na seleção brasileira principal na conquista do último título mundial. Ela não descarta uma troca para o futebol de campo, mas diz que a transição não é tão simples assim.

“A gente vê na TV e acha que é fácil, mas o futsal é mais rápido e têm as suas técnicas próprias. Mas são desafios que podem acontecer, com certeza.”

Classificação

A Unochapecó garantiu hoje uma vaga na semifinal do JUBs com vitória sobre a Unifor, do Ceará. Apesar das credenciais, o caminho do time catarinense não foi fácil e a equipe cearense terminou o primeiro tempo vencendo por 1 a 0, com um gol marcado faltando apenas seis segundos para o intervalo. No segundo tempo, o time catarinense pressionou e marcou três gols, sendo o da virada marcado pela também campeã mundial Caroline da Silva, 23 anos.

“Foram duas equipes grandes e jogos assim sempre se definem nos detalhes. Quem acerta mais, leva, e conseguimos acertar”, disse Caroline, que considera o JUBs uma das competições mais importantes do esporte nacional. “Nos preparamos bem, somos a equipe a ser batida hoje, então, a preparação foi ao máximo para vir aqui e fazer o nosso papel.”

O confronto acirrado não foi à toa. A Unifor também já foi campeã do JUBs e conta com o técnico da seleção brasileira principal, Wilson Sabóia, e também com Poliana Inereu, também campeã pela seleção.

 

*O repórter viajou a convite da organização dos Jogos Universitários Brasileiros