No segundo set da partida entre Brasil e Japão, a ponta da seleção feminina de vôlei Natália conseguiu defender uma bola que beirava o impossível. Ela correu em direção ao fundo da quadra e evitou um ponto das japonesas, antes de se chocar contra o placar de ferro. Sem pensar, ela levantou-se e voltou para guardar sua posição. Só quando a bola caiu e os aplausos encheram o ginásio do Maracanãzinho foi que Natália percebeu que tinha se machucado. A mão direita precisou de uma proteção e o braço esquerdo, na altura do bíceps, tinha hematomas da pancada.  “O sangue faz parte. Machucou um pouco. Tentei me apoiar no placar e machuquei a mão e o braço”, conta ela. “Mas isso é o de menos. O mais importante é o espírito de fazer de tudo para não deixar a bola cair. E não só eu como qualquer uma que está ali tentaria pegar a bola do mesmo jeito.”

A terceira vitória do Brasil na Olimpíada, por 3 sets a 0 sobre o Japão, mostrou que a seleção comandada por José Roberto Guimarães está numa ascensão. Para Natália, especialmente, foi o jogo de alcançar a eficiência em todos os fundamentos. Nos dois primeiros jogos, ela saiu insatisfeita com seu desempenho no ataque. “No primeiro set contra a Argentina, comentei com a Léia que elas defenderam umas bolas minhas. E no segundo set errei uns quatro ataques e fiquei muito brava. Tem dia que é noite, como dizemos, você ataca e a bola não cai”, diz ela. Mas procuro ajudar muito o time no fundo da quadra, defendendo e passando. Contra o Japão, finalmente, o ataque saiu.”

As jogadoras vêm destacando o aumento do nível de dificuldade das adversárias. O Brasil está subindo uma ladeira, onde o ponto mais íngreme é o jogo conta a Rússia, o último da fase de classificação. Antes, porém, terão de passar pela Coréia do Sul, um time que conta com a Kim Yeon-Koung, considerada a melhor atacante do vôlei mundial. “A Coréia é um time que defende muito bem e tem um bloqueio mais alto que o das japonesas. Teremos de fugir desse bloqueio e da defesa”, diz Natália. “Vai ser difícil e será preciso muita paciência de novo. A Kim, que é uma das melhores do mundo, na minha opinião e na de muitos, temos que conseguir pará-la para ela não fazer a festa aqui do nosso lado.” Se for preciso dar mais um pouquinho de sangue para isso, Natália não se importa. Vale tudo para conquistar o inédito tricampeonato olímpico.