Sanções americanas: as potenciais vítimas na Europa

Sanções americanas: as potenciais vítimas na Europa

As tarifas aduaneiras anunciadas pelos Estados Unidos são de 10% sobre os aviões e 25% sobre alguns produtos industriais alemães, bem como para produtos alimentícios franceses, espanhóis e italianos.

Seguem abaixo os principais setores afetados em cada país:

AERONÁUTICA: Apenas os aviões de linha montados em Toulouse (França) ou Hamburgo (Alemanha) são afetados, e não os terceirizados.

O valor dos Airbus a serem entregues nos Estados Unidos supera os 120 bilhões de dólares a preço de catálogo de 2018. O dos Boeings para entrega na Europa é mais ou menos equivalente.

“Se houver uma guerra comercial, terminaremos com dois monopólios regionais, a Boeing nos Estados Unidos e a Airbus na Europa” pois cada um ficará muito caro do outro lado do Atlântico, disse uma fonte industrial europeia que não pode “imaginar que será uma guerra limitada. Se for desencadeada, será total”.

ALEMANHA: o automóvel escapa desta salva de sanções americanas, mas alguns maquinários industriais serão afetados, assim como os produtos agroalimentares (café, manteiga, iogurtes, salsichas…)

Para o maquinário, os Estados Unidos são o principal destino de exportação e representaram, em 2018, 19,25 bilhões de euros em volume, com alta de 1,5% em um ano.

Este braço é o maior empregador do setor industrial na Alemanha, com 1,35 milhão de assalariados, segundo a Federação do setor VDMA.

ESPANHA: seriam aplicadas tarifas a cerca de metade das exportações agroalimentares para os Estados Unidos, que se elevaram a 2 bilhões de dólares em 2018.

“Achamos que o impacto sobre as exportações poderia alcançar um valor de 1 bilhão de euros, principalmente no setor agroalimentar”, disse à imprensa a secretária de Estado de Comércio Xiana Mendez.

As exportações de azeite para os Estados Unidos no ano passado representaram 405 milhões de euros. O setor emprega 400.000 agricultores, de acordo com o sindicato do azeite de oliva, além de ser responsável por milhares de empregos na indústria de processamento.

As azeitonas também representam 179 milhões de euros.

As vendas de vinhos espanhóis para os Estados Unidos no ano passado foram de 293 milhões de euros, mas os vinhos espumantes (cavas) não teriam tarifas, o que levaria o faturamento dos vinhos para 240 milhões de euros.

FRANÇA: “A França é afetada principalmente na indústria da aviação e depois nos vinhos e queijos”, disse à AFP o secretário dos Negócios Estrangeiros, Jean-Baptiste Lemoyne.

No ano passado, os vinhos e espumantes franceses encontraram nos Estados Unidos seu principal destino de exportação, com 18,29 milhões de caixas de doze garrafas vendidas por 1,6 bilhão de euros.

Em 2018, a França exportou 25.000 toneladas de queijo para os Estados Unidos, por um valor de 176 milhões de euros. O sindicato dos laticínios francês estudou a lista publicada pela OMC, mas “não procurará medir o impacto dessa medida até que a lista esteja finalizada”, disse à AFP Benoît Rouyer, economista do setor.

ITÁLIA: Apenas 500 milhões de euros em exportações de alimentos para os Estados Unidos serão afetados por direitos alfandegários de 25%, de um total de mais de 4 bilhões.

Serão tarifados queijos como parmesão, alguns produtos à base de carne de porco, como linguiça e outros, licores, sucos de frutas ou mariscos.

Já o vinho (cujas exportações para os Estados Unidos totalizaram 1,5 bilhão de euros no ano passado), o azeite (436 milhões de euros em exportações), as massas (305 milhões) e o tomate em lata não sofrerão impostos.

Ao contrário dos outros grandes países europeus, a Itália não pertence ao consórcio Airbus.

REINO UNIDO: Entre os produtos britânicos taxados, estão os suéteres de cashmere e algodão, ternos para homens e pijamas femininos, colchas e uísque.