Embora a onda de calor que alimentou os grandes incêndios florestais na Espanha tenha acabado, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, alertou nesta terça-feira (19) que ainda “restam horas difíceis” na luta contra as chamas.
“Peço aos meios de comunicação, e também aos cidadãos e cidadãs (…) que tomem precauções extremas, que não confiemos, restam momentos críticos, restam horas difíceis”, afirmou Sánchez.
O líder socialista falou com a imprensa após visitar o centro de comando de uma operação contra um incêndio em Extremedura, uma das regiões mais afetadas no oeste do país.
Esta é sua segunda visita à área destes incêndios que causaram quatro mortes e, como na primeira, no domingo na Galícia, reiterou que buscará “um pacto de Estado diante da emergência climática”.
“A emergência climática se agrava a cada ano, é mais recorrente a cada ano e se aceleram os [seus] efeitos a cada ano”, sobretudo “na Península Ibérica”, argumentou.
Após 16 dias com temperaturas na casa dos 40ºC em muitos pontos do país, os termômetros caíram nesta terça-feira em toda a Espanha, com o aumento da umidade em muitas regiões, o que deve facilitar o trabalho dos bombeiros, apoiados por soldados e agentes de muitos outros países.
De acordo com estimativas do Instituto de Saúde Carlos III, 1.149 pessoas morreram de causas relacionadas à onda de calor que se estendeu de 3 a 18 de agosto no país.
– “Evolução favorável” –
Com a redução da umidade do ar, da vegetação e do solo, e ao diminuir o limiar para que um material se inflame, as ondas de calor transformam a vegetação em um combustível extremamente inflamável, o que complica ainda mais o controle e a extinção das chamas.
Por isso, o fim da onda de calor na segunda-feira melhora as chances de estabilizar os incêndios e impedir sua propagação.
Mas restam semanas até a extinção total, estimam as autoridades, e três regiões da metade ocidental do país, Galícia, Castilla y León e Extremadura, continuam lutando contra enormes incêndios que queimaram dezenas de milhares de hectares em menos de duas semanas.
“A evolução é favorável em todos os incêndios” desde esta terça-feira, disse à imprensa o presidente regional de Castilla y León, Alfonso Fernández Mañueco, ressaltando que até agora foram vividas “circunstâncias meteorológicas absolutamente excepcionais”.
“Agora mesmo estamos tentando a estabilização, [mas] estamos muito longe dela”, faltam “muitos dias”, afirmou o conselheiro regional de Presidência da Extremadura, Abel Bautista, à televisão pública TVE.
Segundo dados do satélite europeu Copernicus, desde o início do ano foram queimados na Espanha cerca de 373.000 hectares, um número em constante aumento que já representa um recorde anual para o país desde que o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) começou a coletar estas informações em 2006.
Dezenas de vilarejos e seus milhares de moradores tiveram que ser retirados, dezenas de estradas foram fechadas e o tráfego de trem de Madri para a Galícia foi interrompido.
Muitos dos incêndios são resultado de raios durante tempestades secas, sem água, mas também se suspeita que alguns foram provocados.
Trinta e duas pessoas foram detidas em relação aos incêndios e há 188 investigações abertas, informou o Ministério do Interior na rede social X nesta terça-feira.