San Siro sairá de cena como ícone de paixões esportivas

ROMA, 30 SET (ANSA) – Faltando apenas um ano para completar um século, o San Siro, um dos estádios mais icônicos do futebol mundial, está prestes a entrar para os livros de história, pois a estrutura será demolida para dar lugar a uma nova e moderna arena.   

Uma enciclopédia não será suficiente para registrar todos os eventos que sediou e testemunhou, mudando sua aparência e tamanho para se adaptar às necessidades em constante alteração, mas permanecerá para sempre na mente e no coração daqueles que jogaram ou se apresentaram lá e das milhares de pessoas que o deram vida, semana após semana, ano após ano.   

Testemunha de um século de esporte e entretenimento, o estádio foi construído em menos de um ano, encomendado pelo então presidente do Milan, Piero Pirelli, que desejava um palco único para os rossoneri entrarem em campo.   

Composto por quatro arquibancadas retilíneas, uma delas parcialmente coberta, tinha capacidade para aproximadamente 35 mil espectadores e sediou sua primeira partida oficial em 3 de outubro de 1926, que foi entre Milan e Sampierdarena, um dos times que originou a Sampdoria anos mais tarde. A inauguração havia ocorrido um mês antes, com um amistoso entre o Diavolo e a Internazionale, o primeiro dos inúmeros Derby’s della Madonnina que moldaram a história do futebol italiano.   

Menos de 10 anos depois, após sediar várias partidas durante a Copa do Mundo de 1934, o estádio foi adquirido pela Prefeitura de Milão, que decidiu expandi-lo com a construção de quatro arquibancadas interligadas. Isso aumentou a capacidade para 55 mil pessoas, fator que se mostrou ainda mais útil após a Segunda Guerra Mundial, quando a Inter de Milão também começou a jogar no San Siro na temporada 1947/1948.   

Nos 20 anos desde sua inauguração, o estádio já havia testemunhado os feitos de dezenas de campeões, com destaque para Giuseppe Meazza, que deu nome ao estádio em 1979. Porém, a lista de astros que pisaram no campo é quase infinita, principalmente desde a década de 1960, quando os times milaneses entraram para a elite do futebol mundial, dando ao San Siro o título de “La Scala del Calcio”, onde todos os maiores da modalidade jogaram.   

Paralelamente, o local começou a se tornar um espaço procurado para outros grandes eventos. Mais de 53 mil pessoas lotaram as arquibancadas em 1960 para assistir à disputa do Campeonato Mundial Júnior de Meio Médio entre Duilio Loi e Carlos Ortiz. No entanto, grandes multidões fora do futebol começaram a se formar nos anos 1980, com megaconcertos de artistas italianos e internacionais, a começar pelos shows de Bob Marley e Edoardo Bennato.   

O San Siro continuou a crescer graças à Copa do Mundo de 1990, para a qual foi decidido construir um terceiro nível, sustentado por onze torres cilíndricas, e uma cobertura cobrindo todos os assentos, que já haviam crescido para 85,7 mil. Linhas, cores e capacidade modernas tornaram o estádio ainda mais icônico, embora houvesse problemas, como a deterioração do campo, resultado do uso intensivo e um microclima menos favorável ao crescimento da grama.   

O recorde de capacidade permaneceu até 2008, quando a reforma para adequar o estádio aos padrões da UEFA reduziu o número de assentos para 80 mil. Mas, um ano depois, segundo as estatísticas, um público maior ocupou o estádio para assistir ao jogo de rúgbi entre Itália e Nova Zelândia, os lendários All Blacks.   

Desde então, várias outras pequenas reformas se seguiram para atender à demanda cada vez maior e resolver problemas críticos, mas a busca pelas correções parece ter chegado à sua conclusão definitiva. Os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, com a cerimônia de abertura em 6 de fevereiro, marcarão o encerramento do histórico estádio. (ANSA).