A disputa para suceder Thomas Bach como presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) chega ao seu clímax na quinta-feira (20) com a votação em Costa Navarino (Grécia), na qual Juan Antonio Saramanch Junior, Sebastian Coe e Kirsty Coventry são apontados como favoritos entre os sete candidatos.
Qualquer dos três vencedores entraria para a história olímpica: Saramanch repetiria o pai, também Juan Antonio Saramanch, o grande modernizador do COI; a lenda do meio-fundo Coe seria o primeiro britânico e Coventry, do Zimbábue, a mais jovem com 41 anos, além de ser a primeira mulher e primeira africana.
No entanto, não se pode descartar surpresas em um eleitorado composto por mais de 100 membros na batalha para se tornar a figura mais poderosa da governança esportiva mundial.
O presidente da Federação de Esqui e famoso defensor do meio ambiente, Johan Eliash, o presidente da Federação Internacional de Ginástica, Morinari Watanabe, o presidente da União Ciclística Internacional, David Lappartient, e o príncipe Feisal al-Hussein completam a lista de candidatos.
A votação acontecerá a portas fechadas e todos os membros do COI serão obrigados a deixar seus celulares fora da sala.
O vencedor assumirá o comando de uma instituição financeiramente segura, mas que enfrenta uma situação geopolítica quente.
O novo presidente do COI terá que lidar com o imprevisível presidente americano, Donald Trump, no momento em que Los Angeles se prepara para receber os Jogos Olímpicos de 2028.
Neste “mundo muito complexo”, como definiu Saramanch, onde verdades previamente indiscutíveis como “universalidade, fraternidade e unidade” agora são colocadas em dúvida, não é o momento para dar um salto no escuro.
O espanhol de 65 anos, um candidato formado durante mais de duas décadas como membro do COI, argumenta que terá o pulso firme que a atual situação mundial requer.
“Não se trata da cara ou do gênero, ou do continente”, disse à AFP. “Até mesmo nos tempos mais fáceis, deveríamos escolher a melhor pessoa para o trabalho”, destacou.
“Isso é muito importante e muito relevante para muitas pessoas para experimentar”, acrescentou um Saramanch Junior que dirigiria um COI radicalmente diferente daquele em que seu pai chegou em 1980 e que presidiu durante mais de duas décadas, salvando-o com uma transformação radical em suas finanças.
Coe parece ser visto por Bach como o candidato disruptivo, o que de certa forma surpreende, já que muitos o veem como uma figura tradicional do ‘establishment’.
Enquanto Samaranch Junior traz serenidade e experiência, o duas vezes campeão olímpico dos 1.500 metros transpira carisma.
O britânico de 68 anos também pode se vangloriar de um impressionante currículo como dirigente esportivo.
Político de centro-direita, liderou a bem-sucedida candidatura de Londres para receber os Jogos de 2012. E recebeu elogios com sua equipe pela excelente organização do evento.
Ele preside a Federação Internacional de Atletismo desde 2015 e, entre suas propostas, está a de dar aos membros do COI uma voz maior do que tiveram durante os 12 anos da presidência de Bach.
Tanto Samaranch como Coe organizaram grandes campanhas midiáticas, em contraste com a estratégia discreta de Coventry, sete vezes medalhista olímpica na natação.
A ex-atleta do Zimbábue é vista como a candidata preferida de Bach, que disse na segunda-feira que o COI precisa de “novos líderes”. Ela, no entanto, nega o favoritismo.
Coventry defende que sua eleição seria um grande momento para seu continente: “Para a África, abriria muitas oportunidades para diferentes papéis de liderança e para dizer que estamos preparados, prontos para liderar”.
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