“Tenho muita empatia pelos sentimentos das pessoas, sejam quais forem os seus sentimentos” em relação ao ChatGPT, disse à AFP na quinta-feira (16) Sam Altman, criador do OpenAI, que lançou uma revolução tecnológica com esta plataforma de inteligência artificial (IA) generativa há um ano.

O executivo acaba de participar de uma conferência com representantes do Google e da Meta à margem do Fórum de Cooperação Econômica Asia-Pacífico (Apec), que acontece esta semana em San Francisco, no estado americano da Califórnia.

Apesar de seu sucesso, o ChatGPT e outras interfaces capazes de produzir textos, imagens e sons sob demanda, geram preocupações pelos riscos que podem trazer para a democracia, como a desinformação em massa, ou o emprego, com profissões ou ofícios que poderiam ser substituídos.

“Realmente esperamos que essas ferramentas sejam adotadas pelos criadores e que os ajudem”, explicou Altman sobre artistas irritados com os aplicativos da OpenAI.

“É claro que teremos de encontrar um modelo econômico que funcione”, reconheceu. “E teremos que permitir que as pessoas decidam se querem fazer parte disso ou não”, acrescentou.

Artistas, programadores e escritores (incluindo George R.R. Martin, autor dos livros que deram origem à série “Game of Thrones”) apresentaram este ano uma ação judicial contra a OpenAI e outras concorrentes da start-up californiana, as quais acusam de utilizar suas obras para criar suas interfaces sem respeitar os direitos autorais, sem consentimento ou remuneração.

Em Hollywood, a histórica greve dos roteiristas e atores que terminou recentemente ilustra os temores relacionados à IA generativa.

– China e a inteligência artificial –

Ao sair da sala de conferências, Altman foi rodeado por simpatizantes, e ao ser questionado sobre o uso da IA na China, garantiu “não saber muita coisa” sobre o assunto. “Não está entre minhas competências”, desconversou.

A cúpula da Apec foi marcada pela rivalidade entre Estados Unidos e Pequim, envolvidos em uma feroz competição econômica e política.

Para muitos americanos, o dilema da utilização da IA está relacionado ao modelo de sociedade pretendido. A China utiliza esta tecnologia para fins de vigilância populacional, em particular graças ao reconhecimento facial.

Em abril, as autoridades chinesas indicaram que as ferramentas de inteligência artificial generativa seriam inspecionadas e deveriam “refletir os valores socialistas fundamentais e não conter” elementos relativos “à subversão do poder do Estado”.

– Eleições americanas –

A regulamentação da IA também está sendo debatida nos Parlamentos europeu e americano, mas com o foco em evitar que seja utilizada para discriminar, manipular ou cometer fraudes.

A OpenAI e outros gigantes americanos deste setor também estão pedindo regulações, desde que “não retardem alguns progressos incríveis” que estão sendo feitos, explicou Altman.

O governo americano demonstrou preocupação com o papel da inteligência artificial durante as campanhas para as eleições presidenciais de 2024. A nova tecnologia facilita a criação de montagens realistas de imagens e sons (conhecidas como “deepfakes”) e conteúdos falsos.

“Há muitas incógnitas. Ainda não sabemos do que a IA generativa é capaz em termos de vídeo, particularmente”, reconheceu o executivo durante a conferência. “Mas isso acontecerá rápida e furiosamente durante um ano eleitoral e teremos que monitorá-lo de perto para reagir à medida que acontecer”, concluiu.

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