ROMA, 5 ABR (ANSA) – O ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini gerou polêmica hoje (5) ao propor a abertura das igrejas para a realização das missas no domingo de Páscoa (12), em meio à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), que já matou mais de 15 mil pessoas no país.   

Em entrevista à emissora italiana Sky TG24, o líder da extrema direita italiana declarou seu apoio à medida, desde que as regras de distanciamento social, incluindo a limitação no número de pessoas, sejam respeitadas. “Eu apoio os pedidos daqueles que dizem que podem entrar na igreja, ainda que ordenadamente, com as distâncias de segurança, para a missa da Páscoa, talvez um pouco de cada vez, em quatro ou cinco”, afirmou. Segundo Salvini, permitir que os italianos participem da missa na Páscoa durante o bloqueio provocado pelo novo coronavírus representaria um “momento de esperança”. Para ele, “só a ciência não é suficiente: o Bom Deus também é necessário”.   

“Estamos nos aproximando da Páscoa e também precisamos da proteção do Imaculado Coração de Maria”, acrescentou o líder da Liga, lembrando que há um apelo enviado aos bispos para permitir que fiéis entrem nas igrejas do mesmo jeito que vão aos supermercados.   

A proposta de Salvini, no entanto, provocou polêmica no país. O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, do Partido Democrático (PD), atacou a medida em um vídeo publicado no Facebook e disse “ser contra a reabertura das igrejas para a Páscoa”.   

“Discordo porque penso que nesses momentos a fé de alguém pode e deve ser também um assunto pessoal e privado. Mas a questão é: “Se você realmente deseja reabrir as igrejas como você diz, e se você diz que não é apenas uma manchete de jornal, é preciso fazer uma coisa muito clara: pergunte à Lombardia ou ao Veneto [regiões que seu partido Liga governa] para assinar uma ordem a esse respeito. Caso contrário, estamos como sempre [falando] de palavras e não de fatos”, rebateu Sala.   

No Twitter, alguns padres também criticaram a declaração de Salvini. “Querido Salvini, hoje as igrejas estão fechadas porque nós sacerdotes respeitamos a lei de nosso país. Obedecemos a nossos bispos e não a você. Não usamos nosso povo, mas o amamos”, escreveu don Dino Pirri, pároco na província de Ascoli Piceno. A região norte da Itália continua sendo a área mais afetada pela pandemia do novo coronavírus. (ANSA)