ROMA, 13 AGO (ANSA) – O líder da oposição na Itália, senador Matteo Salvini, subiu o tom contra o governo e defendeu nesta quinta-feira (13) a prisão do primeiro-ministro Giuseppe Conte, que foi seu aliado entre junho de 2018 e agosto de 2019.   

Em coletiva de imprensa em Forte dei Marmi, na Toscana, o ex-ministro do Interior citou um documento revelado na semana passada e que mostra que o comitê técnico-científico (CTS) do governo recomendara a instauração de um lockdown em duas cidades da província de Bergamo já no início de março.   

“Se as atas do CTS forem confirmadas, Conte teria de ser preso por não ter criado as zonas vermelhas quando devia e por ter fechado a Itália quando não devia. Isso é um crime”, afirmou Salvini.   

A transcrição de uma reunião do CTS mostra que o órgão recomendou em 3 de março a “adoção de oportunas medidas restritivas já adotadas nos municípios da zona vermelha também nessas duas cidades [Alzano Lombardo e Nembro]”.   

O sistema apelidado na Itália de “zona vermelha” foi imposto a 11 municípios no dia 22 de fevereiro, logo após a descoberta dos primeiros casos de transmissão interna do novo coronavírus. A lista incluía 10 cidade da Lombardia, como Codogno, “marco zero” da pandemia no país, mas não englobava Alzano Lombardo e Nembro, que descobririam seus primeiros contágios logo depois.   

O regime de “zona vermelha” era até mais rígido que a quarentena vigente a partir de 10 de março e previa inclusive toque de recolher para a população. Esse sistema ficou em vigor nos 11 municípios até a instituição do lockdown nacional.   

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A transcrição também não mostra nenhuma recomendação explícita para uma quarentena em todo o país, porém não indicam que o CTS discordava da medida vigente a partir de 10 de março.   

Pesquisas – Há um ano, Salvini, então ministro do Interior, rompeu sua aliança com o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e o premiê Conte para tentar forçar a convocação de eleições antecipadas e se eleger primeiro-ministro com “plenos poderes”, em suas próprias palavras.   

No entanto, o que se viu desde então foi uma queda de seu partido, a Liga, de extrema direita, nas pesquisas. Embora a legenda ainda lidere todas as sondagens, suas intenções de voto, que no ano passado giravam em torno de 33%, chegando até a 35% em alguns casos, agora flutuam de 25% a 27%.   

As pesquisas indicam que essa queda coincidiu com um crescimento da popularidade do partido Irmãos da Itália (FdI), também de extrema direita e que mantém laços históricos com a extinta legenda neofascista Movimento Social Italiano (MSI). Liga e FdI formam uma coalizão conservadora que ainda inclui o partido moderado Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, hoje o ramo mais frágil da aliança. (ANSA).   


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