ROMA, 04 DEZ (ANSA) – Alvo de protestos quase diários do crescente movimento das “sardinhas”, o ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini fez um “mea culpa” nesta terça-feira (3) e admitiu que não deveria ter pedido “plenos poderes”.   

Em agosto passado, após romper a aliança com o populista Movimento 5 Estrelas (M5S), o secretário da ultranacionalista Liga subiu em um palanque em Pescara e pediu que os italianos lhe dessem “plenos poderes” para governar.   

O termo virou argumento para uma até então inesperada coalizão entre o M5S e partidos de centro-esquerda, que se uniram para manter Giuseppe Conte como primeiro-ministro e evitar eleições antecipadas, o que provavelmente levaria Salvini ao poder.   

Além disso, a frase motivou acusações de autoritarismo por parte da oposição contra o ex-ministro, já que remetia a algo dito pelo líder fascista Benito Mussolini na década de 1920. “Se pudesse voltar atrás, não diria ‘quero plenos poderes’, eu quero um governo que governe. Não pretendo mudar os equilíbrios da Constituição”, afirmou Salvini ao programa “Porta a Porta”, da emissora Rai.   

Desde meados de novembro, cidades de norte a sul da Itália vem recebendo manifestações e flash mobs do movimento das “sardinhas”, iniciativa apartidária que surgiu na Emilia-Romagna para evitar uma vitória da Liga nas eleições locais de 26 de janeiro.   

A região é um dos últimos bastiões “vermelhos” da Itália e é governada pela esquerda desde sua instituição, em 1970. “Eles me dão alegria, as sardinhas são animadas, com exceção daqueles que acreditam na volta do fascismo e do ódio”, ironizou Salvini.   

(ANSA)